terça-feira, outubro 29, 2019

Terça, 29.
Volta que não volta é isto: pega-se-me um sono terrível, uma necessidade urgente de dormir. Aconteceu ontem e às 9,30 horas já xonava para acordar nove horas seguidas depois. A última vez que a coisa me deu, foi em Janeiro deste ano, em Cracóvia.

         - Almocei no C.C. Chiado. Antes – nesta altura do ano ando sempre a lavar as mãos, sobretudo se vou a Lisboa de comboio, metro, etc. – fui desinfectar-me aos lavatórios. Estou nisto quando assomam à entrada das casas de banho dois forasteiros de WC. Um diz para o outro: “Eu aí não vou. Anda tudo a espreitar as pixotas uns dos outros.” Digo eu ao camarada do arauto que estava a meu lado a lavar as mãos: “Homessa! Então o que é bom não é para se ver!” Responde ele olhando-me através do espelho: “Pois claro!” Pelo espelho tento certificar-me e não vejo na enfiada dos urinóis ninguém a espreitar o que o vizinho possuía. Depois disse para os meus botões, de uma três: ou não havia nada que jeito tivesse ou a inspecção já tinha sido feita ou o rapaz não falava verdade. Que irmandade fandanga, hei!


         - E por aqui me fico, quero dizer já em casa onde alinho estas palavras cheias de sabedoria. A vida, mesmo aquela do maior santo ou pecador, é feita destas picuinhas vivências de onde podem sair as grandes verdades que o quotidiano amassa contra as maiores evidências.