terça-feira, outubro 31, 2017

Terça, 31.

Um corrupto queria prender um homem honesto que zarpou para a Bélgica que lhe ofereceu hospitalidade. Não só o queria prender como retê-lo em prisão por 20 anos. A quem me refiro eu? Alvíssaras a quem adivinhar.  

segunda-feira, outubro 30, 2017

Segunda, 30.
Parece que o Mágico, descuidando-se nos truques de magia, destapou os bluffs de que se servia. Resultado: o ano passado foram postos na rua das casas que habitavam e que a lei da Mãe-de-Todas-as-Mães criou, quase 2 mil pessoas. Este ano o ritmo não abrandou e aproxima-se de um milhar. O Juiz Apostolatos é de situações destas que se ocupa e também das execuções de penhoras aos pobres que nada têm. Corja de verdugos dos tempos modernos.

         - Tenho que admitir que não esperava tanta inteligência por parte de Puigdemont. Aquela de ele, ante a ordem de Rajoy de marcar eleições para Dezembro, dar como resposta que os catalães já votaram e não vão de novo às urnas dizer o que já disseram, isto é, que querem a independência, é de mestre! A atmosfera em Espanha é extremamente interessante e empolgante. Outro dia, o João Corregedor, dizia para o nosso grupo: “E se fôssemos de carro já para Barcelona!” Eu disse logo que sim, os outros presos à familiazinha, aos filhinhos queridos, a isto e aquilo, negaram-se. Mas de facto, é lá que se joga muita coisa nesta altura. Como comentei outro dia, lá respira-se vida, liberdade, futuro. Aqui uma ronceirice macaca, onde a classe política passa de pai para filho, de filho para amigo, tudo enrodilhado em frasezinhas, lamentozinhos, chorinhos, dicazinhas, odiozinhos, abracinhos e outras coisinhas de que não quero aqui falar e constituem muito do importante que suporta a nossa triste vida colectiva...

         - É curioso como os tempos da minha vida profissional, recorrentemente, sobretudo os dos últimos anos, desaguam nos meus sonhos. Apresentam-se tão nítidos, tão intensos no dramatismo vivido, que me sufocam de angústia. Acordo agastado, sem saber onde estou, que tempo é este o meu, o pensamento amargurado com o facto de ter de me apesentar ao serviço daí a uma hora. Só quando me levanto, olho o quarto mergulhado na penumbra, da janela entreaberta, um hiato de luz descendo até ao parapeito, abro um ligeiro sorriso e digo: “Estás livre desse tormento, homem de Deus!” 


         - Esta manhã possante hora de piscina. Não havia vivalma dentro da água e eu tive dois seguranças (uma rapariga e um rapaz) embevecidos a apreciar o próximo campeão mundial dos jogos olímpicos.

sábado, outubro 28, 2017

Sábado, 28.
Num país onde não se passa nada, à excepção de quando em vez de um arroto de Cristiano Ronaldo, na forma duma confirmação de que “eu sou o maior jogador do mundo”, ou quando a criatura, não sendo as mulheres o seu forte, anuncia que vai ser, enfim, pai de uma criança concebida por ele e pela mãe do pimpolho, pondo de parte as tragédias dos incêndios que nos arrepiam, tudo o mais não passa de um bocejo que a senhora Cristas, qual pulga em bicos de pés, gritando ao povo distraído:  “Senhores, eu estou aqui!” O que sobra são faits divers há muito estudados e testados por Marcelo, comentador. É tudo tão pequenino, tão insignificante, santo Deus!

         - Como meti uns dias de férias à escrita, fui almoçar com os meus amigos. Na Brasileira onde começámos um debate sobre política (João estava presente, claro) Gordillo (com dois LL o escultor é de origem espanhola, soube ontem), António Carmo e o nosso simpático jornalista que praticamente só faz de corpo presente surdo como está. João Corregedor, açambarca a discussão lutando pelas suas ideias. Eu quando estou em desacordo com ele faço o mesmo. Por exemplo, não sendo a favor da independência da Catalunha tal como foi apresentada, também não alinho numa federação ao contrário do meu amigo. Dali seguimos para o Príncipe onde nos aguardava já o Carlos. Antes porém, João e eu, fomos chamados ao Palácio Amarelo - segundo rezam os entendidos vem retratado em O Mandarim de Eça de Queiroz -, mas eu não tenho a certeza ser verdade. Guilherme Parente, naquele seu modo de ser tímido, quer-nos oferecer um original a cada um, e pede-nos que o escolhamos de entre as toneladas de telas que abarrotam os dois andares do atelier. Eu recuso in petto, João segue-me. Então ele traz-nos uns quantos trabalhos e estende-os diante dos nossos olhos a saber de quais gostamos mais. Palavra puxa palavra, insistência sobre insistência, recusa sobre recusa, até que ele aparece de novo com dois trabalhos emoldurados e diz-nos: “Escolham o que mais gostarem.” Ante isto, dou a preferência ao João que seleccionou aquele que eu, gostando, não ultrapassa o outro que me entrara no coração ao primeiro olhar. Decidida a oferta, saímos para o restaurante. Pouca gente, ao agrado do Corregedor. Almoço calmo, cordial. Dali voltámos ao atelier do Guilherme para ficarmos até ao fim da tarde em discussão acesa, ou não tivesse o Irmão uns copitos a mais. Todos lamentámos a ausência do Virgílio que continua enclausurado na cela luxuosa do palacete do Estoril.


         - Para memória futura: hoje, aqui, registaram-se 33 graus! Voltei às regas.

quinta-feira, outubro 26, 2017

Quinta, 26.
O que faz a notícia do dia, é o agastamento do Partido Socialista e de Costa quanto às afirmações populistas de Marcelo no cenário dos incêndios. Surpreende-se o líder do Governo que Marcelo se tenha insurgido contra o executivo do modo como o fez, sabendo e tendo até combinado com António Costa o time da saída de Constança Urbano de Sousa e do anúncio do programa para as florestas. No fundo, o que indigna Costa é a traição do seu Presidente. Admira-se? Revolta-se? Bah! Mas Marcelo não muda com setenta anos, quase ninguém o faz nessa idade. Paulo Portas soube na pele como ele é muito cedo, o Casino do Estoril também, mais tarde, quando o jurista elaborou um parecer sobre a legalidade de construção do Casino Lisboa e depois nos seus comentários na TV disse o oposto. Marcelo é uma espécie de rapaz traquinas, e as suas traquinices adiantam-se ao espanto dos demais. Isso é sabido de meio mundo político. Em que universo vive Costa?


         - Outra notícia que faz as honras de muitos dos palradores televisivos, é o parecer de um juiz do Norte sobre uma mulher que cometeu adultério. O magistrado citou a Bíblia e a citação foi retirada do contexto e tem feito os ignorantes parecerem cultos e informados. Mas o chorrilho de asneiras só os promove a eles, num país onde ninguém lê porra nenhuma. Há um tipo que quer a toda a força vir a ser ministro das Polícias ou da Justiça, que na SIC se põe em bicos de pés e jura que o Novo Testamento limpou e ajustou tudo o que o Velho Testamento construiu. Como a criatura não leu nem um nem outro, não faz a mínima ideia o que diz NT das mulheres. Se lê-se um pouco perceberia que elas não só são maltratadas, como são pura e simplesmente tidas por capacho dos maridos. A mulher é ignorada, não conta para nada e nem a Mãe de Jesus Cristo merece menção especial. É citada de passagem. Esta gente faz-me lembrar alguém que quando soube que Saramago se preparava para escrever o Evangelho Segundo Jesus Cristo, o advertiu: “Como podes falar de um assunto que nunca leste - a Bíblia.”

quarta-feira, outubro 25, 2017

Quarta, 25.
Esta manhã, talvez devido ao esforço mental que o meu trabalho requer, tive uma tontura que me paralisou. Trabalhava num café da vila e voltei de imediato para casa. Medida a tensão, estava com a máxima a 15 - coisa rara em mim. Tomei a dose baixa do Valdispert e repousei um pouco. Meia hora depois tudo voltou ao normal: 12,2 x 7,8. É evidente que vou ter que parar uns dias. Há uma semana que tenho vindo a sentir dificuldades em articular as palavras, na busca das passagens ricas de sinónimos, o texto voando na folha branca do computador enquanto o cérebro segue a passo de caracol.


         - A ideia com que se fica reunidas todas as opiniões dos operacionais dos fogos, é que tudo aquilo que nos andaram a dizer desde o início da semana, não passa de uma larga manta cheia de buracos. Ninguém se entende, dos bombeiros aos autarcas, do Exército aos homens das comunicações. E ainda a missa vai no adro. Para piorar tudo, os médicos estão em greve.