Quinta,
29.
De
retorno a Défense, desta vez para ver o Mercado de Natal que dia 21 abriu ao
público. Quando o certame era nos Champs Elysées, eu tinha o hábito de lá ir
comprar os produtos da marca Marseille. Sob o Arco da capital dos negócios,
depois de os ter adquirido, dei uma volta a ver se ali a qualidade era melhor
que no anterior lugar. Por ser mais pequeno e labiríntico, não se via logo o
mau gosto de certos produtos, mas eles estavam lá.
- Egon Schiele (1890-1918). Austríaco,
ligado ao grupo expressionista Arte Nova, morre com a mesma idade de Basquiat,
deixando uma obra por acabar. Mais reduzida que a do pintor americano, povoada
de um mundo estranho, onde nada parece real, apesar da sua obsessão pelo corpo
feminino que deforma, o casal que vê de través, a paisagem sombria, tocada pelo
esgar que a pinta de cores ilusórias. Acusado de imoral, o artista é terno para
a prostituta, o corpo abandonado à realidade que o habita, marginal, com um
leve toque de dignidade, de onde se desprende doçura, ternura, com semelhanças
a Oskar Kokoschka. Aliás, em certos trabalhos, entra também qualquer coisa de
Gustav Klimt com quem aprendeu. Se me fosse permitido, diria que todas as fases
concepcionais de Schile, podem ser vistas e estudadas através do seus
auto-retratos. Ao contrário da maioria dos artistas que têm de si belas imagens
e são muitas vezes mais belas que o modelo, o pintor amargurado dá-nos a fotografia
do seu mundo exterior visto do interior onde parece pairar a poesia do
mal-amado, daquele que não se encaixa em lado nenhum. A Fundação Louis Vuitton presta
um alto serviço à cultura com as duas excepcionais exposições: Jean-Michel
Basquiat e Egon Schiele.
Auto-retrato de 1912 |
Dos últimos |