sábado, junho 30, 2018

Sábado, 30.
Chefes de Estado e primeiros-ministros reuniram-se em Bruxelas para encontrar um acordo comum que sustenha os fluxos de imigrantes que há cinco anos chegam às suas fronteiras. Falaram, falaram fazendo, enfim, aquilo que melhor sabem fazer. Depois assinaram, contentes, um desacordo. As pseudo-medidas acordadas são um susto de ligeireza e incompetência impressionantes. Como é que tanta cabeça coroada, à frente de vários povos, pôde construir uma aberração! Grosso modo, o que saiu de dois dias de conversa, foi: a construção de canais legais nas duas margens do Mediterrâneo, portas de entrada para todos aqueles que carecem de protecção internacional e pretendam ser acolhidos na Europa. Mais ou menos a mesma situação de má memória que foi montada na Grécia. Como se vai fazer, ninguém sabe. Quanto vai custar e quem paga, silêncio. Quanto à recepção dos migrantes, logo a França recusou recebê-los, os africanos do norte d´África rejeitam o acordo, o ministro alemão, Horst Seehofer, que fez coligação com a senhora Merkel, ameaça fechar as fronteiras do país aos imigrantes com registos feitos noutros Estados membros. E o país vedeta que obrigou ao cansaço e a uma noite branca os senhores políticos, a Itália, saiu da reunião comme ci comme ça. Os migrantes que se aguentem.

         - Um homem de 38 anos, cansado daquilo a que ele chama calúnias do jornal The Capital, em Mariland, entrou na redacção do diário e matou 4 jornalistas e um funcionário, ferindo muitos outros.


         - Mais um quarteirão lisboeta inteiro, voa para as mãos de estrangeiros. Dizem que os edifícios da Pastelaria Suíça, no Rossio, foram vendidos por 62 milhões de euros! Assim parte um pedaço de mim e, decerto, dos da minha geração. Os dias felizes quando ia ao encontro da tia Dália, que ali abancava todos os dias num animado chá com as amigas, e com ela tornava a casa depois de uma “comprinha” pelas lojas da Baixa, ninguém mos compra nem estão à venda. São parte integrante de um mundo onde apesar da ditadura éramos felizes, sobretudo, sabendo nós hoje do destino transviado da democracia.

quinta-feira, junho 28, 2018

Quinta, 28.
Marcelo Rebelo de Sousa, pretende que acreditemos que em quinze minutos de encontro com Donald Trump na Casa Branca, ambos abordaram os principais dramas do mundo e vai mais longe, diz que o construtor civil o ouviu. É Marcelo no seu melhor. Acredito que os dois homens apenas conversaram sobre a possibilidade de Cristiano Ronaldo se candidatar à Presidência da República. O perceptível: tanto Donald como Ronaldo, fugiram ao fisco.


         - Há mais uma aranha de putrefacção a varrer câmaras e juntas de freguesia. A Polícia Judiciária não tem descanso. Anda de Norte a Sul do país a juntar provas, um ou outro autarca foi constituído arguido. Neste particular, suponho que não há nenhum português que desconheça o que se passa na sua câmara. Um aviso: preparem-se para o pior quando a autonomia desses redutos de prepotência e caciquismo for completa.

quarta-feira, junho 27, 2018

Quarta, 27.
A atitude do governo italiano dito de direita, relativamente à dramática situação dos migrantes, começa a resultar. Foi o alerta para a UE que sempre se esteve nas tintas para os pobres abandonados ao seu destino. Muita pena, muitas negociações, muitas lágrimas de crocodilo, mas um plano, um apoio, um gesto caritativo, nada. Absolutamente nada. Agora que eles aportam a várias fronteiras empurrados por este e aquele país, começa-se a construir qualquer coisa que receba os infelizes. Portugal com António Costa vai receber uns quantos, como já antes havia acolhido umas centenas. Mas o país mais generoso, sem ajudas de ninguém, foi a Itália.

         - Esta desorganização pôs em fuga milhões de seres humanos e nas mais degradantes condições. Eles invadem literalmente a Europa, mas também a África e os Estados Unidos. A atitude de Trump é simplesmente desumana, selvagem e um atentado à dignidade e aos direitos humanos. Outra frente é a do deserto para onde os argelinos, por exemplo, os expulsam. Obedecem às ideias de Bruxelas que lhes pediu para impedirem a sua entrada em qualquer dos países que formam essa organização arrogante e sinistra chamada União Europeia. Os relatos que nos chegam do martírio de africanos, muitos mortos de calor, fome e cansaço, largados em pleno deserto, não pode deixar calado nenhum europeu herdeiro da dignidade humana que Jesus Cristo trouxe à terra e a cada um de nós, qualquer que seja a cor de pele e condição social.

         - Leio no Público que a Assembleia da República tem 19 deputados arguidos em vários processos de corrupção, abuso de cargo: 9 são do PS e 10 do PSD. Nenhum nos restantes grupos parlamentares. Mas bastava um para nos inquietar.


         - Felicitei o professor José Carlos de Miranda pelo seu Tertuliano. Vive, parece, em Braga e respondeu-me com um e-mail que me encheu o coração. Fizeram-me bem as suas palavras, sobretudo nesta altura em que me encontro down, down.

terça-feira, junho 26, 2018

Terça, 26.
Acontece que levei a manhã comigo e deixei-a suspensa da quietude do dia que começava. Nas horas que vieram ao dobrar do remanso pasmo de uma calma inopinada, libertei eu a força que as atravessou da cumplicidade das ideias a remoque da memória. Depois chegou a tarde, o calor instalou-se, a sonolência cruzou as sombras e do conjunto, lá fora, sentado debaixo do guarda-sol à mesa larga, conclui uma jornada plena de tudo onde o mais substancial foi nada. Com a brisa chegou a noite. Uma vaga de estrelas banhou-me. Adormeci sob o manto luminoso tecido da luz do dia.

         - A manta de retalhos em que se transformou o país e que o Mágico já não sabe como costurar, está ainda mais esburacada na saúde. Eu continuo a achar que o actual ministro é uma pessoa honesta e competente, embora circunscrito e apertado a um programa imposto pela nossa terna UE. Mais de 230 mil consultas ficaram o ano passado por fazer em oftalmologia. Eu sou testemunha. Andei um ano para obter um encontro com o oftalmologista e mesmo assim só o consegui porque não os larguei com protestos e e-mails.

         - Eu pensei que os nossos pobres jogadores de futebol podiam, enfim, ontem partir para umas douradas férias. Afinal só vai ser no sábado. Eu tenho pena daqueles escravos ao serviço de potências económicas que os esmifram até ao tutano, atirando-lhes com aquilo que eles mais gostam – paletes de dinheiro. São uns pobres diabos que não param para pensar. Gastam-se por um punhado de coisa nenhuma.


         - Vivo rodeado da beleza das hortênsias em flor. Sou mais feliz que aqueles infelizes que ganham a vida aos chutos numa bola, sem nunca terem pousado o olhar na grandiosa formosura destas donzelas que não atraiçoam quem as ama...




segunda-feira, junho 25, 2018

Segunda, 25.
Eu fui demasiado precipitado quando entrei em contacto com a tradução e, sobretudo, as notas de José Carlos de Miranda no Apologético de Tertuliano. Devia ter dado tempo à adaptação ao glossário filosófico-teológico de Miranda, mas isso, creio, deveu-se ao corpo minúsculo das respectivas notas da Philokalia que me enervavam e fatigavam. De facto, o trabalho do ilustre professor, é notável de conhecimento latino-grego, preciosos os seus rasgados pontos de vista, enriquecedores na profundidade religiosa que o aproxima, nos dias de hoje, do escritor do séc. III d.C. nascido em Cartago. O que José Carlos de Miranda acrescenta à narrativa em conhecimento da vida romana, do Império Romano, das relações com aquilo a que Tertuliano chama o Século, isto é, o culto da idolatria no período antes da chegada de Jesus Cristo, se a editora respeitasse o leitor evitando-lhe o esforço da leitura em condições penosas, não teria 630 páginas, mas mais do dobro – e aqui reside o eterno problema das editoras portuguesas.

         - Andam todos contentinhos da Silva, propagandeando os méritos do actual sistema contra fogos. Dizem que “só em Maio houve 2.000 incêndios que não foram notícia porque o sistema funcionou”. Pergunta-se por que não aconteceu antes. Foi preciso que morressem mais de cem pessoas, centenas estejam reduzidas com acidentes físicos, famílias inteiras estejam órfãs dos que morreram, povoações reduzidas a cinzas, para não falar dos milhares de árvores queimadas. Portugal igual ao que sempre foi. A política hoje é propaganda pura e dura. Ante o abatimento selvagem das árvores, relembro o que li em qualquer lado: “As árvores são seres que sofrem.”


         - O espectáculo degradante do mundo do futebol, que espelha em cheio o que é o país, os dirigentes desportivos, os políticos, o povo é a imagem de algo assustador que vai minando a sociedade como um todo.