terça-feira, novembro 29, 2016

Terça, 29.
Enfim, a telenovela Caixa terminou. Só neste país pequenino é que estas histórias alimentam a classe política árida. Dois meses andaram eles a remexer na imundice. Foi preciso os votos do BE, PSD, CDS para o resto dos entretainers compreender que a lei é para todos e de uma vez por todas deve o PS interiorizar que não vale fazer leis à medida dos seus interesses como fez José Sócrates quando quis importar os milhões dele e dos amigos. Definitivamente, os socialistas não têm emenda! Saúdo a isenção do jornalista irmão do Mágico, que na SIC pôs os pontos nos ii. Todavia, como é de praxe, vamos ter o tema por mais umas semanas a alimentar o delírio partidário e a emerdar o pagode.


        



 - Estas coisas não moram aqui, aparecem na forma de tentações que os franceses adoram e como ninguém se deixa tentar, desaparecem. Ainda por cima possuem dois ângulos insinuantes: um vivo, outro morto... Cruzes!!! Ainda há quem lhes chame cogumelos!  



segunda-feira, novembro 28, 2016

Segunda, 28.
Grande abada levou Juppé! Para mim previsível. Nunca o considerei uma pessoa honesta e conheço o suficiente dele para manter a minha posição. François Fillon foi correcto, franco, sério, espontâneo, com ideias claras e leal nos propósitos liberais que quer para a França. Só não sei se os franceses entenderam o que os espera com ele na presidência.

         - Deixemos de lado a moda das Primárias, vejamos as verdadeiras eleições. O quadro não é nada prometedor. A Frente Nacional parece sólida e unida e a direita conservadora arrastou-se em massa para Fillon. Resta a esquerda, em França como por todo o lado, dividida, agrupada em torno de um ideário falhado, de pessoas gananciosas, incompetentes e ensandecidas. Vai ser obrigada a votar, humilhada, em François Fillon contra Marine Le Pen. Entre um e outra, venha o diabo e escolha. Do lado dessa esquerda caviar e champanhe, perfilam uma série de multívolos que não hesitam em vender o pai e a mãe para conseguir os seus miseráveis intentos. Nesta altura, nada mais nada menos que umas cinco ou seis personagens qual delas a pior. Sem contar com Hollande que se vê atacado no interior do seu próprio partido, com o nervino Manuel Walls a disputar-lhe o lugar e um score de menos de dez por cento de estima popular. Mesmo assim, eu acho que o pobre homem vai recandidatar-se. A pobreza humana a que chegou, não lhe permite enxergar-se. Um tipo que contrata, a apensas do Estado, um cabeleireiro por 10 mil euros/mês para lhe tratar as farripas, é capaz de tudo. O socialista que no poder fez em tudo o contrário do que prometeu, só merece o desprezo dos seus concidadãos. Dir-me-ão que interessa isso da careca do infeliz, responderei o homem, ele e todos nós, somos um todo. Tudo se interliga, tudo nos engrandece e empobrece. Cada gesto é parte de uma multiplicidade de outros gestos. Para não falar do organigrama social que se apoia no capital como único recurso da dignidade humana. O desastre da esquerda, foi ter embarcado na loucura da direita, servindo-se dos mesmos esquemas, mentiras, jogos de poder, subserviência ao imperialismo americano que quer conquistar o mundo e arrastar multidões para a pobreza e a escravatura, descaracterizar os povos, torná-los semelhantes a pulgas construídas em laboratórios, de que a globalização, a União Europeia, os contratos comerciais, são a pura demência de uma política que tem vindo a ser implementada com a esquerda de joelhos a aplaudir.  

         - Mas o faz-de-conta está em todo o lado. Quem não alinha sofre as consequências. Isto de ser independente, é terrível. Possuir as suas próprias ideias, pensar pela sua cabeça, dizer corajosamente aquilo que se pensa, não é para os nossos dias. Viver isolado, centrado nos valores que dimensionam a existência e são na solidão a génese do futuro, obriga à desistência do pacote correspondente de facilidades e cumplicidades, amizades pervertidas e interesses de agremiação. Para mim, o pior de tudo é mentirmos a nós mesmos. Veja-se o caso do futebol - não só na Liga Inglesa -, onde a homossexualidade está materializada não nos afectos, prazeres consentidos e saboreados, mas no submundo que organiza a frustração, encolhe o desejo e subverte pelo abuso contra rapazes indefesos e gananciosos da fama saloia que o futebol oferece como saída à miséria e à pobreza. Alguns jogadores de renome que ousaram expor a sua sexualidade foram de tal modo insultados, ostracizados, achincalhados que encontraram no suicídio a saída ao martírio. O futebol inglês conhece os seus nomes. Outros, famosos, pelo seu comportamento, aquilo que escondem exibindo, denunciam o que eles não têm coragem de nomear e seria de grande proveito para a comunidade homossexual. O grupo de raparigas contratadas para disfarçar o óbvio, os amores fantasiosos que os dão como os maiores machos do mundo, as ligações suspeitas que os filhos feitos no esconso da alma pontuam de falsidade, a exibição do corpo como objecto de atracção e sedução, tudo isso e o que sobra de tristeza que a fama e o proveito monetário disfarça, são a fotografia de um universo onde corre a lama que suja toda a corporação desportiva.


14,55 – Acabo de receber o pedido de publicação neste blogue, feito pelo Dr. Domingos Braga da Cruz, médico no Hospital da Prelada, no sentido de encontrar algum dador de sangue, do tipo O Rh negativo, para um desportista de 15 anos, em estado muito difícil. Se algum dos meus leitores estiver ou conhecer alguém com capacidade para dar vida a este rapaz, ficamos todos muitíssimo gratos. Contacto 96 977 65 49

domingo, novembro 27, 2016

Domingo, 27.
Morreu Fidel Castro aos noventa anos de idade. Foi o derradeiro homem que encarnou o romantismo e com ele conquistou o seu país para o fechar com o tempo numa ditadura à moda de Salazar. Conseguiu correr com Fulgêncio Batista para quem a Havana era uma espécie de Sodoma e Gomorra para americanos ricos. O seu desaparecimento é chorado em Cuba e festejado nas ruas de Miami pelos refugiados cubanos. Apesar de tudo, contra todos os boicotes, conseguiu criar um sistema de saúde quase perfeito e 90 por cento dos cubanos eram alfabetizados ainda que sob os princípios da imagem e da veneração ao Comandante. Ele, Kruschev e Kennedy estiveram na iminência de lançar o mundo num conflito nuclear. O país foi colónia do mundo comunista e quando o PCP sentia que José Saramago se estava a afastar das hostes cunhalistas, oferecia-lhe uma viagem à ilha de todos os sonhos - eu testemunhei algumas vezes isso porque privava com ele quase todas as semanas. Aliás, foi na companhia de Saramago que fui à primeira festa do Avante realizada na antiga Fil, em Belém. 

         - O Mágico e seus adjuntos, celebraram um ano de governação à porta fechada, elogiando-se mutuamente, e garantindo que estão ali para durar com a placidez do PCP e do BE. Até onde o PCP se transformou ao ponto de alinhar com os socialistas na alteração da lei para socorrer os administradores da CGD e na aceitação dos salários criminosos que os mesmos vão auferir, é um mistério que me pôs de sobreaviso quanto a capacidade que os comunistas têm de mudar de pele como qualquer partido ou deputado sem deontologia nem estômago, empurrado apenas pela ambição do poder. Mais coerente andou, contudo, o BE, não tendo pejo em votar ao lado do PSD e CDS para obrigar os barões da banca a respeitar a lei e a mostrarem a quanto monta a sua fortuna pessoal.


         - Neva na Serra da Estrela. Por aqui só acendi a lareira uma vez

sexta-feira, novembro 25, 2016

Sexta, 25.
O Público de hoje traz um artigo muito sério sobre a depressão que persegue os portugueses. Diz o jornal que um terço da população tem uma doença mental; 6,8 por cento dos casos analisados foram considerados graves; 40 por cento dos indivíduos não tem dinheiro para pagar as despesas; 50 por cento dizem ser o corte de rendimentos, salários e pensões, a causa principal da doença; 27 por cento dos portugueses procuraram ajuda através dos médicos de família. Perante uma tal desgraça, que nos dizem os políticos? Nada. Como não consta que entre eles alguém sofra da crise que atinge a maioria dos portugueses, entretêm-se com as minudências da governação de que a novela da CGD é nesta altura exemplo. Através dela, até podíamos andar todos à gargalhada e assim curar a depressão, mas a coisa é bem mais séria e quem ganha são os laboratórios e as farmácias. Atrás dos ansiolíticos, vêm outras patologias. Parece que os jovens são os mais afectados. Não admira. Nasceram numa época de falso progresso, de direitos em catadupa, de educação montada na opulência de porcarias inúteis e pouco nos afectos, não foram preparados para perceber que a vida é um gráfico que não pára quieto. A política e a cultura não lhes interessa e por isso nem se acautelam contra os truques que o Mágico sorridente que nos governa tira todos os dias da cartola.


         - Fui fazer uma hora de natação. A funcionária logo que me viu chegar, exclamou: “Bom dia! Ora seja muito bem-vindo! Há muito tempo que anda fugido!” Que dizer?

quinta-feira, novembro 24, 2016


Quinta, 24.
Segundo o Mágico, os portugueses não podem estar mais felizes: tudo ou quase o que o anterior executivo lhes retirou, o Mágico repôs. Contudo, a dívida pública aumentou e está em 123 por cento do PIB - o número que José Sócrates nos deixou antes de chamar a troika.

         - O Governo turco quer obrigar a rapariga violada a casar com o violador. A pobre é duplamente castigada.

         - Ontem, no escritório do Simão na Rua da Conceição, conversa solta sobre a publicação de O Rés-do-Chão de Madame Juju. Quando o assunto é abordado, ele tenta resfriar-me de modo a não aceitar ser editado por uma grande editora que me enviou quatro contratos e ele julga inadequada culturalmente. A dada altura, falando deste trabalho quotidiano, ele sugeriu-me que fizesse uma selecção para publicação, esquecendo-se que este exercício de escrita é objecto a nascente de um Diário cujos primeiros três volumes foram já dados à estampa.


         - Sábado passado perdi-me completamente no Lumiar ao procurar o Mosteiro de Santa Maria. Felizmente não havia trânsito nenhum e pude andar às voltas uma hora perguntando a quem encontrava pela morada das irmãs dominicanas. Devo ter abordado mais de cinquenta pessoas e ninguém, todos residentes na zona, sabia da existência do convento. Quando estava para regressar a casa, encontro um homem simples que sacou do smartphone e localizou “mais ou menos” a rua. Para lá me dirigi não sem apreensão porque ao chegar dei de caras com um instituto de portões fechados. Torno a descer a avenida principal e hesitante decido voltar a subi-la contornando um muro em cotovelo que se situava nas traseiras do tal instituto, subo uma rampa e avisto uma edificação bem cuidada, discreta, disfarçada na paisagem verdejante. Na mesma altura, já dentro do portão, pára um táxi. Vou perguntar ao motorista se sabe onde fica a morada que procuro. Ele responde-me que não, mas a senhora que havia transportado, retorquiu-me do fundo do banco de trás, que estou no sítio certo e pergunta-me se sou amigo de Maria Estela Guedes porque também ela vem participar no programa cultural orientado pela nossa ilustre amiga. Ufa! Isto porque o lumiar para mim era a Tobis, os estúdios da televisão, o hospital Pulido Valente e a empresa dos Amados, o andar onde o Ângelo Sajara morava e Jorge Sampaio. Para lá destes meus contactos, ficava o mato, as casas mais ou menos, os espaços do perigo, o corredor que fugia à cidade e mergulhava na sombria pobreza. Dito isto o progresso é medonho. Não sei se para bem se para mal. O que sei é que as quatro irmãs que habitam no presbitério, estão em êxtase no campo porque ali não chega ruído algum, o jardim é uma beleza de cuido, as árvores fecham em comunhão orações e cânticos do divinum officium