sexta-feira, novembro 18, 2016


Sexta, 18.
Consideração do dia. O Estado, o Governo, o Tribunal de Contas, o Presidente da República são insignificantes face ao gestor e acólitos da Caixa Geral de Depósitos. Ninguém consegue demovê-los dos cargos ou obrigá-los a cumprir o que está estipulado na lei. Portugal é um país de rendidos.

         - Tenho uma talega de livros que trouxe de Paris para arrumar no sítio dos que aguardam leitura. Como a Piedade na minha ausência procedeu a limpezas gerais, virou os espaços do avesso. Não me reconheço nesta casa, senão pelo perfume a cera e a livros que aqui reina e me acolhe com a ternura dos meus autores escolhidos a dedo: tu entras, tu não.

         - Esta manhã fui visitar o Fortuna no seu atelier. Assim que me viu abriu os braços e exclamou: “Oh, enquanto esteve fora não ouve um único dia que não tenha pensado em si!” Fica-se sem fôlego. Um homem a quem eu tanto devo, um artista de pura água, um humanista como hoje há poucos, estimar-me desta maneira é de deixar uma pessoa fragilizada.

         - Só aqui, neste paraíso onde tenho a felicidade de viver, ouço em profundo recolhimento o cair da chuva, assim como a tranquilidade que dá o ruído embalador das auroras, o barulhar das folhas nas árvores, o rasto das cobras, o piar dos pássaros, o canto das osgas. Quando o céu se veste de cinza, é a hora de tocar a eternidade suspensa do infinito finito de toda a Terra. Deus está muito perto.