Sábado, 30.
Amáveis, os meus amigos condescenderam a
meu pedido em visitarmos o museu Henri Matisse, em Cateau, uns vinte
quilómetros daqui. Fomos através de vistosos campos semeados de cereais –
couves, beterraba e sob a terra as famosas endívias. Não é a primeira vez que
entro no admirável museu que o departamento de Cadeau-Cambrésis conserva
impecável e com dignidade de um museu nacional. Acresce que este ano celebra-se
os 150 anos do artista (1869-1954), que aqui nasceu e fundou o museu, em 1952.
A mostra pretende dar a conhecer os 20 primeiros anos de formação do pintor e,
de facto, ao percorrermos as diversas salas, vamos admirando como se forma um
talento tão impressionante, que marcou a arte do início do século passado. Evidentemente,
o estudo dos clássicos está lá como plataforma importante para se chegar à
desenvoltura que lhe permitiu voar sobre o panorama artístico, ao lado dos
maiores do século XX: Pablo Picasso, Renoir, outros mais.
Henri Matisse - Auto-retrato |
Renoir - Ambroise Vollard |
A cor que mais tarde seriam as do artista |
Picasso - Auto-retrato |
- A pequena vila de Cateau que desta vez visitei quando a noite se acomodava,
é um encanto. Parece um presépio em miniatura, tal o arrumo das suas ruas, as
casas baixas, os pequenos terreiros como salas de visita para conversar,
namorar, ver quem passa. A cada hora tombam desamparadas as badaladas da igreja
matriz, as lareiras soltam os primeiros fumos que perfumam o ar e são o
aconchego de quem como eu vive projectado no mundo encantado das emoções. Ficar
ali, naquele recanto perdido, era tudo quanto pedia aos deuses que,
evidentemente, não me ouviram. Não porque não existam, mas simplesmente porque não sou digno dos seus
favores.
- Para cinco do mês de Dezembro, a França vai estar paralisada com uma
greve dita geral. Todos os sectores públicos e privados vão parar para
protestar contra a Lei de Trabalho e mais não sei o quê, porque só 30 por cento
dos franceses votou em Chou Chou, não lhe perdoam ter-se tornado o rei do país.
A mim tanto se me faz – vou-me escapar a tempo.
- Mas o mundo está à mercê de todas as catástrofes. Num dia só, dois atentados:
em Londres onde morreram pelo menos duas pessoas às mãos de um extremista com
arma branca que feriu também meia dúzia de outras e na Holanda, em Haia, um
grupo de rapazes atingido por outro louco à facada numa rua concorrida da
cidade. No primeiro caso, o homem de 28 anos já estava referenciado e tinha até
estado preso por ligações a grupos terroristas; no segundo caso, não se
apuraram ainda as razões.