domingo, dezembro 30, 2018

Domingo, 30.
A propaganda que os socialistas são mestres, de braço dado com as promessas e piscar de olho a jornalistas “independes”, perde-se no ritmo estonteante da criatividade política. O dinheiro que existe a rodos, permite-lhes manobras como aquela de oferecer benesses financeiras aos portugueses que deixaram o país no período da troika. Uma pergunta me apetecia fazer ao Mágico: e os portugueses que aguentaram mergulhados no sofrimento, a falta de dinheiro, fome, desnorte e desânimo? Não são eles tão portugueses como os outros?

         - Eu estou que não posso de satisfação e como português honrado e de lágrimas de emoção a correrem-me enquanto registo um feito no-ta-bi-lí-ssi-mo: o Prémio de Losofonia de jornalismo atribuído a Judite Sousa para a melhor jornalista portuguesa no plano internacional, José Rodrigues dos Santos em Literatura e Cristiano Ronaldo no desporto. É obra, caramba! Como é que um pequeno país possui de uma assentada três génios? Mistério.


         - Bom ano 2019!

sexta-feira, dezembro 28, 2018

Sexta, 28.
Benalla deve ter encantado ou deslumbrado Chou Chou, dado que o violento homem, depois do escândalo com seu maître, anda agora por países africanos fazendo os seus negócios, mas... com dois passaportes diplomáticos! Outro escândalo que ninguém sabe explicar. Chou Chou mais uma vez diz nada saber. Eu diria: diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

         - No Inter, os adeptos da equipa adversária, durante o jogo, entoaram uma canção racista. O visado era um jogador africano. Um adepto do Nápoles foi morto. Por cá o mesmo cenário: um rapaz de 25 anos atingido quando o autocarro do Benfica onde seguia foi apedrejado. Permanece no hospital há uma semana em estado grave. Este é o estado do futebol por todo o lado. Energúmenos à solta. Os governos empurram os casos com a barriga. Quando quiserem controlar este império, é tarde de mais.


         - Almocei no Alto do Minho, à Bica, com os confrades do costume. 

quinta-feira, dezembro 27, 2018

Quinta, 27.
Sábado passado, quando abandonámos o Panteão Nacional, Carlos disse que estava cansado e abancou no murete que cerca o edifício dos mortos do antes e os de agora, democraticamente agregados na glória de Deus Pai e da santíssima democracia. Já lá está um sarcófago para Cristiano Ronaldo. Bem fez a família de José Afonso que recusou plantar o corpo do ilustre cantor naquele monte de pedras, não fosse ele levar com uma bolada de Eusébio ou um penálti de Ronaldo. Bom. Eu disse ao meu amigo: “Eu é que sou coxinho, coitadinho, e tu é que estás cansado!” Um casal que estava perto, desatou num riso perdido. Eu lembrei-me de uma cena idêntica, passada com o Simão. Estando nós em Nápoles, arrastei-o em visita a Pompeia. Ao longo do trajecto (reconheço que aquilo é difícil) eu tinha de puxar por ele, eu que caminho em original traqueladanças...   

         - Nestes dias de inverno ensolarado, meti mãos à terra. No jardim limpei o escalracho, depois fui replantar (é a segunda vez) pés de falsa vinha que os técnicos chamam Parthenocissus tricuspidata ao longo da rede do caminho público. A ver vamos se é desta que a bela trepadeira... trepa. Junto ao portão fiz limpeza de bolota e erva daninha. Surripiando uma hora às minhas habituais duas de leitura, de roçadora em punho, ataquei depois do almoço a erva ruim que cresceu na minha ausência em frente da casa. Estou que não posso – tenho para uns dias.  

         - O país do Mágico é uma festa. Os trabalhadores andam contentes, felizes por viverem num rectângulo que lhes paga bem, próspero, seguro onde o sol abraça cada um e todos por igual. Nestes últimos tempos, porém, andam numa de birra, batem o pé, dá-lhes a moenga, recusam trabalhar. Não há praticamente sector nenhum que ande com vontade de vergar o físico. Por alto: Registos e Notariado, funcionários do fisco, CP, supermercados, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Juízes, os habitués enfermeiros, não sei se ainda os professores, etc. Que me lembre, nunca houve tanta greve e tantos grevistas. Que país maravilhoso! Dá mesmo vontade e orgulho em ser português!


         - Tempo moche. Um grande sono mantém esta mancha vegetal agasalhada e adormecida. Quase não se ouvem os pássaros, apenas os gatos tecem a ladainha do desejo, desafiando o Black a ir ao encontro dos vadios desvairados de cio. Aqui e ali uma lagartixa assoma do interior da terra, e no bulício profundo de um mundo secreto, estende a mãe-natureza o seu manto diáfano todo tecido de orvalhos sobrepostos. Um silêncio, um enorme silêncio, desce das alturas tornando o imperceptível bulício num desafio à ressurreição.  

quarta-feira, dezembro 26, 2018

Quarta, 26.
Noto que Marcelo está em sintonia comigo não só no número de pobres como na incredulidade que os socialistas e já eles e o PSD/CDS antes, nada tenham feito para reduzir e mesmo acabar com tanta pobreza em Portugal. Estes socialistas e no passado os outros socialistas, que roubaram milhões e deram a roubar, como os PSD que roubaram e deram a roubar milhões, seguindo todos a mesmíssima política, estes e aqueles, largaram milhões para os bancos, EDP, abastecer as suas megalomanias, insistindo, todavia, que o país não tinha e não tem dinheiro para abater os abismos sociais que não deixaram de crescer desde o famoso 25 de Abril. Esta sociedade governada pela direita com várias nuances, tem prejudicado não só os portugueses como a crença na democracia. Isto vão eles pagar caro e bem caro.

         - O Papa na homilia de Natal contra o “absurdo consumismo moderno, enquanto outros não têm o pão de cada dia”. Subscrevo sem vacilar.

         - As largas horas votadas à leitura durante o ano que agora termina, resumem a riqueza que acumulei e faço questão de partilhar com os meus leitores. Além de não ocupar espaço, não dar lugar a abertura de conta bancária, não pagar imposto e não ser objecto de cobiça, é pela sua própria natureza o maior bem que um homem pode possuir e deixar aos vindouros.  

Bíblia vol. III – Tradução de Frederico Lourenço
Journal d´un attaché d´ambassade – Paul Morand
La lumière du monde – Julien Green (releitura)
Salvar o SNS – António Arnaut e João Semedo
La Jeune Moabite – Gabriel Matzneff
Pensées pour moi-même (releitura em francês) Marco Aurélio
Eclesiastes – (releitura) tradução de Damião de Góis
Vers Ispanhan – Pierre Loti
O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
Eloge de la Philosophie Antique – Pierre Hadot
Dostoievski – André Gide
La quarantaine – Le Clézio
Memória – Jean Meslier
Apologético - Tertuliano - Tradução e notas (notáveis) de José Carlos de Miranda
L´arc-en-ciel  - (releitura) Julien Green
Cartas e Recordações - Saul Bellow
Metamorfoses - Ovídio  
As Três Vidas – João Tordo
Chroniques – Françoise Sagan
Londres – Virginia Woolf (releitura)
Uma Odisseia – Daniel Mendelsohn
Último Caderno de Lanzarote – José Saramago
La Création du monde et le Temps – Santo Agostinho
L´allure de Chanel – Paul Morand
Nos vingt ans – Clara Malraux

Soixante-dix s´efface IV – Ernst Junger

terça-feira, dezembro 25, 2018

Terça, 25.
Um Natal triste para uma parte da Terra. Um violento tsunami varreu tudo o que encontrou na frente: pessoas, estruturas comuns, edifícios, natureza. Aconteceu na Indonésia que, portanto, é batida por estes fenómenos, não os podendo evitar nem conformar-se com eles. Resultado não fechado: quase quinhentos mortos, mil e não sei quantos feridos, várias centenas de desaparecidos.

         - Um outro horror que podia e devia ter sido impedido: um atentado em Cabul que fez 43 mortos, duas dezenas de feridos. Não tem um mês que um outro ataque perpetrado por um homem-bomba durante uma reunião religiosa matou 55 pessoas. E quer Trump deixar o Afeganistão como a Síria! O construtor civil está muito mal rodeado de estrategos.

         - A Missa do Galo cantada em latim. Que beleza! Desenferrujei o meu latim, cantando e orando na língua que o Vaticano II aboliu. Todo o mistério primitivo, mais o tempo da minha adolescência, veio ao encontro do homem que carrega alguns anos mais, mas cujo encanto e convicção nunca o abandonaram. 


         - Dos muitos sms que recebi, realço o do Felipe, o meu fiel artista de quem nunca me separei não só agradecido pelos anos que trabalhámos juntos, como pela dedicação a estas merdelhices que pelos vistos lê com regularidade. A provar a mensagem  de Boas Festas relacionada com o pernil cuja história aqui contei, sábado 22.