terça-feira, dezembro 18, 2018

Terça, 18.
Eu devo ter alguma razão nas minhas análises, quando afirmo que o mundo só avançou engolfado na revolta. Os políticos, embora não sejam donos do nosso dinheiro, comportam-se como agiotas. Veja-se o caso de Chou Chou (não digo chouchou). Primeiro, não havia dinheiro para nada e, por isso, tinha de continuar a ir ao bolso dos contribuintes taxando nos combustíveis, aumentando a energia, diminuindo o subsídio dos que estavam no desemprego e assim. De repente, com o legitimo protesto dos gilets jaunes, apareceu dinheiro para dar dignidade àqueles que trabalhando não conseguem ter uma vida minimamente equilibrada.


         - Estou ansioso por ver como se comportam os irmãos coletes amarelos portugueses. Eles marcaram a primeira manifestação para sexta-feira. Não conheço as reivindicações porque não tenho Facebook e não entro na salada russa das redes sociais. Agora o que eu constato, é que eles já estão a fazer tremer a Esquerda e a Direita, os sindicatos e a Polícia. Ontem, à mesa da Brasileira, entesei-me com o Corregedor que não arranca da pele a capa partidária que se lhe colou. Estão todos à rasquinha, porque sentem fugir-lhes o poder de decidir pelos infelizes a quem exigem acatem as suas ordens emanadas dos interesses partidários, que nada têm a ver com os dos trabalhadores e explorados da democracia que vigora desde Abril de 1974. Nenhum dos partidos que correu para o poder em quarenta anos, quarenta anos, meus senhores!, conseguiu acabar com dois milhões de pobres, dar uma vida digna aos reformados que vivem com 200 euros e aos outros, varrer das ruas a mendicidade que até aumentou, tratar os cidadãos e fazer leis que os respeitem, ampliar culturalmente o povo, não com instrução, mas com valores culturais que não contam para as estatísticas, mas são a imagem de um povo que conhece na diversidade as etapas históricas das suas origens. Nestes últimos vinte anos, houve um decréscimo cultural – ficou tudo nivelado por baixo onde as babuchas varrem o chão.