Terça, 18.
Eu
devo ter alguma razão nas minhas análises, quando afirmo que o mundo só avançou
engolfado na revolta. Os políticos, embora não sejam donos do nosso dinheiro,
comportam-se como agiotas. Veja-se o caso de Chou Chou (não digo chouchou). Primeiro, não havia dinheiro
para nada e, por isso, tinha de continuar a ir ao bolso dos contribuintes
taxando nos combustíveis, aumentando a energia, diminuindo o subsídio dos que
estavam no desemprego e assim. De repente, com o legitimo protesto dos gilets jaunes, apareceu dinheiro para
dar dignidade àqueles que trabalhando não conseguem ter uma vida minimamente
equilibrada.
- Estou ansioso por ver como se
comportam os irmãos coletes amarelos portugueses. Eles marcaram a primeira
manifestação para sexta-feira. Não conheço as reivindicações porque não tenho
Facebook e não entro na salada russa das redes sociais. Agora o que eu
constato, é que eles já estão a fazer tremer a Esquerda e a Direita, os
sindicatos e a Polícia. Ontem, à mesa da Brasileira, entesei-me com o
Corregedor que não arranca da pele a capa partidária que se lhe colou. Estão
todos à rasquinha, porque sentem fugir-lhes o poder de decidir pelos infelizes
a quem exigem acatem as suas ordens emanadas dos interesses partidários, que
nada têm a ver com os dos trabalhadores e explorados da democracia que vigora
desde Abril de 1974. Nenhum dos partidos que correu para o poder em quarenta
anos, quarenta anos, meus senhores!, conseguiu acabar com dois milhões de
pobres, dar uma vida digna aos reformados que vivem com 200 euros e aos outros,
varrer das ruas a mendicidade que até aumentou, tratar os cidadãos e fazer leis
que os respeitem, ampliar culturalmente o povo, não com instrução, mas com
valores culturais que não contam para as estatísticas, mas são a imagem de um
povo que conhece na diversidade as etapas históricas das suas origens. Nestes
últimos vinte anos, houve um decréscimo cultural – ficou tudo nivelado por
baixo onde as babuchas varrem o chão.