Quarta,
12.
Um
atentado no Mercado de Natal de Estrasburgo que eu conheço bem, fez três mortos
e uma dezena de feridos. Sabe-se muito pouco sobre o atirador, mas pensa-se que
foi um homem de uma trintena de anos.
- Este é mais um problema para Chou
Chou que está muito mal preparado e sem experiência. Ele bem tenta mudar o
carácter com aquele rosto compungido e voz doce de um cinismo incrível como
apareceu na TV na lição de moral aos gilets
jaunes, sem que alguma vez os tenha nomeado, depois de ano e meio a
humilhar os franceses que não são povo que esqueça. Aliás, o fosso foi evidente
na discussão que o canal 2 fez logo a seguir às promessas presidenciais. Em
estúdio estavam três políticos, incluindo a Ministra da Economia de um lado,
três membros dos contestatários do outro. A dada altura, os políticos,
treinados na demagogia, na salada governamental, desataram a atirar postas de
pescada com números, estatísticas, isto e aquilo, na linguagem que conhecemos
propositadamente construída para atrapalhar as pessoas práticas, que sabem que
dois e dois são quatro e querem coisas concretas. Um dos gilets jaunes, respondeu à letra, dizendo que não acreditava em
nada do que eles diziam e o que queria era saber, preto no branco, se aceitavam
as suas reivindicações. Porque a realidade é esta: nada os povos conseguiram
sem violência. Os instalados não cedem um milímetro, sem ser empurrados pela
ira e a raiva dos humilhados. É triste que assim seja? É. Mas as sociedades
avançaram sempre deste modo.
- A pouco e pouco, os tumultos tomam a
forma concreta das ambições futuras. Os homens que desceram à rua, falam na
partida de Macron, mas também na alteração da Constituição. De facto, o nosso
sistema é mais equilibrado, acentuando no Parlamento as grandes linhas da
governação. Os poderes do Chefe de Estado são na sua essência os que pratica - e
bem - o actual Presidente. Comparado com o anterior, um simplório pobre que
subiu a custo e devia por isso orgulhar-se, e não gastar sem freio em carros e
outras fanfarrices que nos custaram milhões. Se falo disto, é para dizer que
anteontem recebi um longo e-mail de um leitor francês, que me descreve o
esbanjamento financeiro do Eliseu, quando comparado com a Alemanha. Não tive
tempo de ler as muitas páginas, mas logo na primeira dei-me conta que o Estado
francês possui 1 Airbus A330-200; 2 Falcon 7x; 2 Falcon 200; 2 Falcon 50; 3
helicópteros Super Pluma; enquanto a senhora Merkel e todo o Governo se
desloca principalmente de comboio e nas linhas aéreas regulares. A este e-mail
voltarei quando o ler com atenção.
- Curvo-me ante a China e o seu sistema
judiciário. O homem forte da indústria automóvel, senhor Carlos Gohosn, foi
mesmo parar com os costados à prisão. Eles, juntamente com os Estados Unidos e
poucos outros países, são um exemplo vibrante para uma Europa corrupta e
decadente, uma UE de ladrões e desnaturados.
- Jerónimo de Sousa, disse há dias:
“No PCP/CDU o voto útil é para quem o dá.” Assino de cruz. Sem o Partido
Comunista o PS teria soçobrado nas suas contradições, no seu palavreado, nas
suas construções social-democratas. Quem deu dignidade e confiança ao Acordo a
três, foi ele.
- Ontem, indo no Fertagus ao encontro
do João Corregedor, ouvi a conversa entre duas mulheres. A que era professora
desabafava para a outra: aos fins-de-semana trabalho no Jardim Zoológico,
durante a semana dou aulas à noite e explicações em casa. “Não sei como
aguentas! – diz-lhe a interlocutora e ela: “Tem de ser. O ordenado de
professora é tão baixo!” Eu corei de vergonha. Corei por mim e por António
Costa.