quarta-feira, dezembro 12, 2018

Quarta, 12.
Um atentado no Mercado de Natal de Estrasburgo que eu conheço bem, fez três mortos e uma dezena de feridos. Sabe-se muito pouco sobre o atirador, mas pensa-se que foi um homem de uma trintena de anos.

         - Este é mais um problema para Chou Chou que está muito mal preparado e sem experiência. Ele bem tenta mudar o carácter com aquele rosto compungido e voz doce de um cinismo incrível como apareceu na TV na lição de moral aos gilets jaunes, sem que alguma vez os tenha nomeado, depois de ano e meio a humilhar os franceses que não são povo que esqueça. Aliás, o fosso foi evidente na discussão que o canal 2 fez logo a seguir às promessas presidenciais. Em estúdio estavam três políticos, incluindo a Ministra da Economia de um lado, três membros dos contestatários do outro. A dada altura, os políticos, treinados na demagogia, na salada governamental, desataram a atirar postas de pescada com números, estatísticas, isto e aquilo, na linguagem que conhecemos propositadamente construída para atrapalhar as pessoas práticas, que sabem que dois e dois são quatro e querem coisas concretas. Um dos gilets jaunes, respondeu à letra, dizendo que não acreditava em nada do que eles diziam e o que queria era saber, preto no branco, se aceitavam as suas reivindicações. Porque a realidade é esta: nada os povos conseguiram sem violência. Os instalados não cedem um milímetro, sem ser empurrados pela ira e a raiva dos humilhados. É triste que assim seja? É. Mas as sociedades avançaram sempre deste modo.

         - A pouco e pouco, os tumultos tomam a forma concreta das ambições futuras. Os homens que desceram à rua, falam na partida de Macron, mas também na alteração da Constituição. De facto, o nosso sistema é mais equilibrado, acentuando no Parlamento as grandes linhas da governação. Os poderes do Chefe de Estado são na sua essência os que pratica - e bem - o actual Presidente. Comparado com o anterior, um simplório pobre que subiu a custo e devia por isso orgulhar-se, e não gastar sem freio em carros e outras fanfarrices que nos custaram milhões. Se falo disto, é para dizer que anteontem recebi um longo e-mail de um leitor francês, que me descreve o esbanjamento financeiro do Eliseu, quando comparado com a Alemanha. Não tive tempo de ler as muitas páginas, mas logo na primeira dei-me conta que o Estado francês possui 1 Airbus A330-200; 2 Falcon 7x; 2 Falcon 200; 2 Falcon 50; 3 helicópteros Super Pluma; enquanto a senhora Merkel e todo o Governo se desloca principalmente de comboio e nas linhas aéreas regulares. A este e-mail voltarei quando o ler com atenção.

         - Curvo-me ante a China e o seu sistema judiciário. O homem forte da indústria automóvel, senhor Carlos Gohosn, foi mesmo parar com os costados à prisão. Eles, juntamente com os Estados Unidos e poucos outros países, são um exemplo vibrante para uma Europa corrupta e decadente, uma UE de ladrões e desnaturados.

         - Jerónimo de Sousa, disse há dias: “No PCP/CDU o voto útil é para quem o dá.” Assino de cruz. Sem o Partido Comunista o PS teria soçobrado nas suas contradições, no seu palavreado, nas suas construções social-democratas. Quem deu dignidade e confiança ao Acordo a três, foi ele.


         - Ontem, indo no Fertagus ao encontro do João Corregedor, ouvi a conversa entre duas mulheres. A que era professora desabafava para a outra: aos fins-de-semana trabalho no Jardim Zoológico, durante a semana dou aulas à noite e explicações em casa. “Não sei como aguentas! – diz-lhe a interlocutora e ela: “Tem de ser. O ordenado de professora é tão baixo!” Eu corei de vergonha. Corei por mim e por António Costa.