terça-feira, dezembro 04, 2018

Terça, 4.
O que as câmaras de televisão nos mostram no rescaldo dos acidentes do fim-de-semana em Paris, é de facto aterrador: diversos pontos da cidade destruídos, pelo menos uns cem automóveis incendiados, o museu do Arco do Triunfo vandalizado, hotéis, bancos, lojas de multinacionais danificadas. Sim, um horror! Diz a informação que aquilo foi obra de marginais de estrema-esquerda e estrema-direita infiltrados. Talvez. Se pensarmos que o governo de Macron se situa ao centro... Registo, contudo, que não houve nenhuma morte. Como assiná-lo que o pobre Chou Chou foi obrigado a ceder, prometendo que no próximo ano não aumenta os combustíveis. Eu teria aconselhado, em vez da violência, que os franceses fizessem a experiência de bancarem sem prazo na avenida dos Campos Elísios. Noite e dia até que ganhassem a batalha sem terem de fazer a guerra. A ver vamos o que se segue no próximo fim-de-semana. Teremos outros 130 mil “Gilets Jaunes” nas ruas de Paris?  

         - Ontem fui ao encontro dos meus amigos que me diziam ao telefone para Paris que “tinham saudades minhas” e eu deles. Comecei na Brasileira e transitei com o João Corregedor, Alexandre, Nascimento para o Príncipe onde nos juntámos ao Guilherme, Carlos e outros mais. Grande arraial anedotário, bom humor, alguma picardia, enfim, o menu habitual entre nós. Temas dos mais variados iam e vinham na confusão do entusiasmo, das sentenças, da apropriação da Verdade.
        Deixei-os para dar um salto ao Corte Inglês onde adquiri o IV volume da Bíblia na tradução do grego do nosso ilustre intelectual Frederico Lourenço. Assim que cheguei a casa, “ataquei” o Livro de Job por ser aquele que conheço melhor com várias leituras da Bíblia latina.

         - Outro dia morreu George Bush (pai). Cavaco Silva, disse em artigo no Público de domingo, que tinha saudades de homens como o antigo Presidente dos EUA. É natural. Toda a desordem do mundo actual a ele se deve com o começo de guerras contra o Iraque. O filho criou uma mentira para reabilitar o pai.


         - Li com entusiasmo as primeiras 60 páginas do IV volume de Soixante-dix s´efface. Junger está no dia 10 de Abril de 1986, em Kuala Lumpur. Reflectindo sobre o homem máquina em contra-ponto com o homem natural tal como o pensava o utópico Hesíodo, o escritor conta que notificou o pai que o homem tinha ido à lua. O velho respondeu-lhe: “Vous êtes tous des fous. Qu´allez-vous chercher sur la lune? Là-bas, il n´y a rien – mais beaucoup de misère ici.” Síntese perfeita. Madame Juju diz que a ida do homem lá acima, é um filme.