Terça, 4.
O
que as câmaras de televisão nos mostram no rescaldo dos acidentes do
fim-de-semana em Paris, é de facto aterrador: diversos pontos da cidade
destruídos, pelo menos uns cem automóveis incendiados, o museu do Arco do
Triunfo vandalizado, hotéis, bancos, lojas de multinacionais danificadas. Sim,
um horror! Diz a informação que aquilo foi obra de marginais de
estrema-esquerda e estrema-direita infiltrados. Talvez. Se pensarmos que o
governo de Macron se situa ao centro... Registo, contudo, que não houve nenhuma
morte. Como assiná-lo que o pobre Chou Chou foi obrigado a ceder, prometendo
que no próximo ano não aumenta os combustíveis. Eu teria aconselhado, em vez da
violência, que os franceses fizessem a experiência de bancarem sem prazo na
avenida dos Campos Elísios. Noite e dia até que ganhassem a batalha sem terem
de fazer a guerra. A ver vamos o que se segue no próximo fim-de-semana. Teremos
outros 130 mil “Gilets Jaunes” nas ruas de Paris?
- Ontem fui ao encontro dos meus
amigos que me diziam ao telefone para Paris que “tinham saudades minhas” e eu
deles. Comecei na Brasileira e transitei com o João Corregedor, Alexandre,
Nascimento para o Príncipe onde nos juntámos ao Guilherme, Carlos e outros
mais. Grande arraial anedotário, bom humor, alguma picardia, enfim, o menu
habitual entre nós. Temas dos mais variados iam e vinham na confusão do
entusiasmo, das sentenças, da apropriação da Verdade.
Deixei-os para dar um salto ao Corte
Inglês onde adquiri o IV volume da Bíblia na tradução do grego do nosso ilustre
intelectual Frederico Lourenço. Assim que cheguei a casa, “ataquei” o Livro de
Job por ser aquele que conheço melhor com várias leituras da Bíblia latina.
- Outro dia morreu George Bush (pai).
Cavaco Silva, disse em artigo no Público de domingo, que tinha saudades de
homens como o antigo Presidente dos EUA. É natural. Toda a desordem do mundo
actual a ele se deve com o começo de guerras contra o Iraque. O filho criou uma
mentira para reabilitar o pai.
- Li com entusiasmo as primeiras 60
páginas do IV volume de Soixante-dix
s´efface. Junger está no dia 10 de Abril de 1986, em Kuala Lumpur.
Reflectindo sobre o homem máquina em contra-ponto com o homem natural tal como
o pensava o utópico Hesíodo, o escritor conta que notificou o pai que o homem
tinha ido à lua. O velho respondeu-lhe: “Vous êtes tous des fous. Qu´allez-vous
chercher sur la lune? Là-bas, il n´y a rien – mais beaucoup de misère ici.”
Síntese perfeita. Madame Juju diz que a ida do homem lá acima, é um filme.