quinta-feira, dezembro 13, 2018

Quinta, 13.
Couto ao telefone. Palração sobre estilos de viajantes. Eu disse que detestava a massificação turística, a vulgarização do turista dos nossos dias. Ele: “Há muitas formas de viajar, cada um é livre de escolher a sua.” Pois é. Esta “democracia” do vulgar, esta forma de pensar, traz consigo a monotonia da vidinha folgada de critica e singularidade. Acríticos, instalamo-nos facilmente na indiferença do outro e na transformação do quotidiano num imenso rebanho colectivo. Ocorre-me aquela emissão do meu vizinho José Hermano Saraiva. Ele está no Norte, sentado na borda de um colchão de água revestido dum material azul. “Caros espectadores: dizem que não devemos criticar o gosto dos outros, eu acho o contrário. Esta cama onde me encontro, é de um mau gosto insuportável.”

         - A propósito do que eu aqui muitas vezes referi: o conhecimento do desenho antes da obra final. Por outras palavras, não se pode ser um bom artista plástico sem se saber desenhar. Junger sobre o ensaio de Hermann Heinschel, De la surfasse à l´espace: “Je suis heureux que nous soyons d´accord a propos de la coleur. Le dessin reste le fondement de l´art plastique. Il se situe à la proximité immediate de l´origine, du projet, de l´idée. Les peintres qui n´ont pas apris à dessiner veulent faire de l´équitation sans cheval. Malheuresement, ils sont de plus en plus nombreux.” Soixante-dix s´efface, pag. 134, Gallimard.


         - Por aqui me fico. Vou fazer uma hora de natação esperando fazê-la só, ao contrário de anteontem onde estive na água como se estivesse num lago de malmequeres e ninfas com os ditos cujos na forma de toucas à cabeça.