Quinta,
30.
O
ministro Pedro Nuno Santos que tem um ego enorme e arrogância suficiente para
dar e vender, atirou para quem o quis ouvir, no caso numa comissão qualquer na
Assembleia, que a TAP tinha de amochar se quisesse apoio financeiro do Estado, acrescentando:
“A música agora é outra no que diz respeito à TAP.” Deixou em aberto a
possibilidade de voltar a nacionalizá-la por completo ou, quando muito, acabar
com aquela aberração de o Estado português não poder intervir nas grandes
orientações, financeiras e outras, para o futuro da empresa. Os accionistas
estão em pulgas. É para eles que a companhia é das mais caras da Europa, labora
mal, está-se nas tintas para os passageiros, anda sempre atrasada, faz-nos
esperar sem uma palavra dentro do autocarro que nos conduz ao avião, não tem
linhas abertas para reclamações e não responde aos e-mails... Os privados pedem
350 milhões com o aval do Estado para salvar a empresa (o ministro diz, e bem,
dos portugueses), a grita que pelas suas contas 800 milhões não chegam. A ver
vamos como tudo vai terminar. O Frasquilho pôs-se ao fresco.
- Com o insuportável confinamento, não
tarda ficamos todos confitados.
- Ou talvez não. Fui a Lisboa fazer
compras. O movimento por todo o lado era mais que muito. Apenas no Corte Inglês
onde entrei para trazer qualquer coisa para jantar, vi uma fila enorme de
clientes no supermercado. O Fertagus e o metro estavam já compostos, numa
antecipação do levantamento da reclusão a começar na próxima segunda-feira. Mais
uma vez, o que vi não gostei - profetiza o desastre.
- Hoje
não me posso queixar. A manhã rendeu-me tendo chegado às 1475 palavras, isto é,
a página 5. Ainda não estou certo se embalei, mas tudo começa a fazer sentido e
o ritmo vai-se impondo. Conversa com o Carlos Soares que o confinamento
contribuiu para uma série de desenhos pornográficos que ele me deu a conhecer
via telefone. Falou-me a Maria Luísa, Gi, António Carmo. Céu plúmbeo.