Sexta,
24.
A
radiografia dos lares para a dita terceira idade que o coronavírus descobriu, é
a maior vergonha deste ou de qualquer outro país. Eu conheço bem o assunto e no
Rés-do-Chão de Madame Juju o tema é
abordado. Os velhos são literalmente desprezados, atirados para o cemitério que
são essas instituições privadas e públicas, espécie de ante-câmara da morte,
que os vai habituando à ideia do fim por inúteis e incómodos. Que Deus me livre
desse gólgota! Prefiro morrer aqui, só, sozinho, coitadinho que rodeado da
hipocrisia daqueles beatos e beatas, ou dos fingidos dadores do tempo e da
caridade social, uns ligados à Igreja, outros ao partido de esquerda, ambos
amantes da família e, evidentemente, como se vê, da sua dignidade.
- Cada vida é uma história mal
contada.
- Ouve-se o ribombar de foguetes pelo
êxito do Conselho Europeu reunido por videoconferência para aprovar um fundo de
recuperação económica para toda a zona euro.
É o espectáculo habitual. Eu, sempre céptico, digo-vos que os biliões de
que falava outro dia Centeno, não vão acontecer. De resto, está implícito na
conversa fiada, que haverá outra reunião em Maio (também é do costume) e as
divisões entre Norte e Sul são mais que muitas. Verdadeiramente não ficou nada
aprovado. E vai daí, logo o mundo financeiro e económico se agita a ver quem receberá
o quinhão maior. Em vez de aproveitarem a crise causada pelo vírus chinês para
reformularem o sentido da Europa, com estratégias de desenvolvimento
sustentadas, onde o homem fosse o centro da união, não. Estão a baralhar e a
tornar a dar o mesmo jogo viciado e aldrabado.
- Súbitas saudades do tempo invernal
passado em Cracóvia. Longa conversa com o Mário (advogado). Enfim, tenho café
para três meses de confinamento. A Nespresso que é desprezível quanto a
organização e pretende manter-se como nicho de mercado dos ricos, não passa de
uma empresa comezinha, sem dimensão séria, nem respeito pelos seus clientes. Tudo
nela cheira a amadorismo, a coisa barata, a novo-riquismo. Tempo sereno, sol
qb.