sábado, abril 25, 2020

Sábado, 25.
Não vou falar do “25 de Abril Sempre”, gostava mais de interpelar a democracia que se lhe seguiu – serviria a todos, inclusive, a juventude.

         - Não é possível que o homem esteja no seu perfeito juízo. Falo de Trump aconselhando os americanos a fazerem uma lavagem interior com lixívia para expulsarem o coronavírus. Tem 100 mil infectados e 50 mil mortos e permite-se gozar com o pagode, armado em vendedor de propaganda médica como antigamente se chamava aos rapazes que vinham dar a conhecer o medicamento de tal laboratório e no caminho ofereciam viagens de luxo ao estrangeiro, férias para o campeão que receitasse mais, incluindo a família, numa estância no mar Negro e assim. No seu caso é o hidroxicloroquina usado para a malária, desaconselhado pelos cientistas por perigoso e com efeitos colaterais graves para o paciente. Além que há dias afastou Rick Bright, conselheiro do Governo dos Estados Unidos, por se opor ao uso do medicamento. Este acusou o vendedor imobiliário de clientelismo. Assim vai mundo, governado por loucos, tiranos e ditadores.

         - Numa outra dimensão, por cá, uns duzentos refugiados foram encontrados numa pensão (agora chamam-lhes hostels é mais fino e a indignidade mais nobre) em Lisboa, em condições insalubres, dez vivendo em 4m2, duas casas de banho para o mundo, com mais de metade infectados com Covid-19 (138 acho), sem que aparentemente ninguém se importasse com eles. Esta vergonha, não deve ser imputada ao Governo, mas sim aos departamentos que se ocupam destes infelizes – migrantes, refugiados, turistas pobres. Como na administração pública não se pode despedir, o resultado fica eternamente espelhado na sua incompetência e no péssimo serviço prestado aos cidadãos.

         - O confinamento já acabou. Por aqui o movimento nas ruas e estradas é o normal e no Auchan onde fui às compras, a fila tinha cerca de trinta metros. Eu recomendo aos meus leitores redobrado cuidado a partir de hoje. Ou me engano muito, ou vai ser terrível a segunda vaga de Covid-19.

         - O Mário (advogado) que é a bondade de homem, dizia-me que não telefonou mais cedo porque me lê todos os dias e acrescentou: “é como se falasse contigo todos os dias”. Que diabo! Mas eu não sou uma máquina, e gosto de ouvir os amigos! Assim fico transformado num palrador que fala para a plateia silenciosa – o que é sinistro.


         - Terminei sob algum cansaço a limpeza do mato no jardim. Falei com o Carlos Soares, Maria de Lurdes. Ménage e horas ao telefone a tentar falar com o Corte Inglês sempre ocupado. Tempo tem-que-não-caías.