Domingo,
30.
Enquanto
vou trabalhando na revisão de O Pesadelo
dos Dias Felizes, outra história se imiscui no meu cérebro tomando forma a
pouco e pouco. Há muito que desejo escrever sobre o Poder e as implicações dele
decorrentes para os cidadãos e a sociedade. Uma delas é a ambição. Quero
construir os pilares do meu trabalho, a partir dessa avidez que cega, aniquila,
entorpece e é causadora de múltiplas desgraças. Sei o que desejo fazer, embora
a textura romanesca esteja ainda frágil. De qualquer modo, sempre que elaborei
uma espécie de sinopse, nunca a segui. Umas vezes porque a história me subjuga,
outras porque as personagens tomam elas próprias outras directivas. O trabalho
criativo continua a ser para mim um mistério. Assim como nunca saberei como
actua o cérebro enquanto maestro das emoções e reacções, da construção da
realidade a partir de algo que sendo pré-existente não possui, contudo, matriz
vivencial.
- Aqui sou o primeiro a levantar e o último
a deitar. Antes de tomar o pequeno-almoço, tento preencher as horas até ouvir o
acordar da casa, com leitura e escrita. Faço-o no meu quarto, de janela aberta
para o pequeno jardim, neste bairro sossegado onde só ouço o barulho das folhas
das árvores quando um ligeiro vento as sacode e lá longe o ruído dos carros
raspando o asfalto. Em Paris passa-se o contrário. Annie e Robert estão já no
fim do pequeno-almoço quando desço para me juntar a eles. Depois do almoço
muito animado, o Lionel quis que fosse conhecer a nova casa que adquiriu e deve
começar a habitar no próximo mês. Não dista muito desta, mas é maior. A actual
é alugada e o que paga pelo aluguer é quase o mesmo que vai pagar ao banco,
cerca de 2200 euros. Bom. Antes fui ao centro de Strasbourg tomar café e
reavivar a memória dos sítios que me encantam: Praça Kléber, catedral, ilha de
France.
Petite France-Strasbourg |
- Ontem com o meu amigo que dirige uma
unidade no hospital central da cidade, travei uma conversa muito interessante a
propósito de colesterol. Grosso modo, ele confirmou aquilo que o nosso distinto
Dr. Manuel Pinto Coelho escreveu no Público o ano passado e que tanta celeuma
causou. Segundo Lionel que é um médico respeitado, o colesterol é indispensável
ao organismo. As estatinas um veneno com efeitos colaterais incríveis. Mais:
disse-me ele que estudos recentes, provam que o facto de as pessoas tomarem
“até ao fim da vida” aquela droga, não diminuiu as mortes por enfarte do
miocárdio. Para ele o principal problema e muito mais grave porque arrasta
consequências mortais é o açúcar e o sal. Quem ganha com a intoxicação que
devasta a população, são as multinacionais farmacêuticas. Eu nunca tive
dúvidas. É por isso que não tomo nenhum medicamento. Sou adepto da profilaxia e
do tento no que como. A vida é bela, senhores! Olé, olá!