Domingo, 9.
Vivamos de acordo com o nossos princípios,
esses princípios que nos edificaram na infância. Deixemos ao tempo o trabalho
de nos classificar. O que tiver de ser nosso, será. Três itens que sempre me
nortearam e sobre os quais assenta a minha conduta. À parte isso, sou o que as
circunstâncias quiseram fazer de mim. Na hora actual, nada mais me importa que ser
um pouco melhor todos os dias e sair de cena banhado do silêncio claro das
alvoradas.
- O tufão com nome humano, deixou para cima de novecentos mortos à sua
passagem pelo Haiti. Os Estados Unidos e a Europa mandaram mantimentos e ajuda
humana. Mas a tragédia é tanta e já vinha de trás, que aquilo que se pode fazer
por aquele povo é juntar uma palavra de conforto e os crentes uma oração.
- Trump está acusado de ter “maltratado” as mulheres e a senhora Clinton
agarrou-se à loucura do macho impotente e grampa por aí acima até ao poder. Em
verdade são duas cartas fora do baralho. Eu não vou nessa. A falsa moralidade
que a América usa e abusa, é a mesma que todos os homens e mulheres utilizam
quando ensandecidos nos seus relacionamentos amorosos. Uma coisa são as
palavras que se usam no contexto e no jogo amoroso, ou na gabarolice do
machista, outra é maltratar a mulher física e psicologicamente. E nem entro em
detalhes quanto ao marido, na altura presidente dos Estados Unidos. Esse nem
fazia uso das palavras, ia directo ao assunto. E tratando-se de duas pessoas
adultas, espero que tenham gozado de prazer... A política assenta hoje numa
moral podre, onde vale tudo até exibir na praça pública aquilo que não devia
sair do quarto de cada um.
- Volta que não volta, lá vem a lengalenga dos coitadinhos que vivem
sós, perdão, sozinhos. O Público de hoje vai ao ponto de dizer que são os que
mais fumam. Viver só é para os falsos misericordiosos que a Igreja alimenta,
uma tragédia onde eles podem enaltecer a sua fingida caridade. Eu conheço muita
gente que escolheu o celibato e não fuma, é independente, activa e equilibrada.
Pelo contrário, até onde o meu discernimento vai, o que vejo é o acasalamento
como uma pusilanimidade. A vida pode ser muitas vezes mais difícil para aquela
ou aquele que escolheu viver só, mas é infinitamente mais criadora, mais
explosiva do ponto de vista da liberdade e mantem-nos por mais tempo afastados
das doenças degenerativas, da monotonia, das chateza dos relacionamentos, dos imprevistos
figadais, das torturas psicológicas que com a idade dizimam os dias. Desde que
uma pessoa esteja em seu perfeito juízo e sem doenças dependentes de terceiros,
sou apologista e faço doutrinação para que construa o seu próprio mundo e
resista a fazer do matrimónio a bengala dispensável à sua existência. Não
queiram ser como milhares de faz-de-conta que utilizam o casamento para
esconder as pequenas misérias da sua natureza sexual, e são por via disso uns
cromos insuportáveis.