Terça, 11.
Assisti sem pestanejar e com todo o
interesse ao debate que confrontou o Governo, os taxistas e os invasores ontem
na TV1. Aquilo prova que quando os assuntos são tratados com paixão,
conhecimento e linguagem clara levantada das preocupações – as reais – da vida
vivida, torna-se num verdadeiro serviço público. O programa serviu também para
se perceber que são os cidadãos, no exercício das dificuldades que têm de
enfrentar, que mais preparados estão para praticar a cidadania e criar ideias e
leis ajustadas à realidade. Realidade essa que os políticos – ficou claro ali –
nada percebem, sentados na cadeira dourada do poder, equidistantes dos
indigentes que os sustentam com impostos cada vez mais elevados. Foi para mim óbvio
que os taxistas tinham toda a razão, mas também percebi que a sua razão – como
de resto todas as autênticas razões - está condenada ao fracasso. Como tenho a
certeza que os futuros motoristas serão uma rede de condenados à escravidão, a
soldo de esquemas imperialistas americanos, que detestam as conquistas humanas
dos trabalhadores e impõem por todo o lado a lei do mais forte. Claro ficou
igualmente para mim, que o Governo, este de esquerda, se comporta como qualquer
executivo de direita, montado na demagogia que lhe permite abreviar as suas
acções sob o princípio pe-ri-go-sí-ssi-mo de que “o povo tem sempre razão” no
caso ao preferir os serviços da Uber. Uma tal demagogia socialista, nunca será
tida em conta quando os portugueses saírem à rua em desacordo com as suas estratégias. Foi assim com Passos Coelho quando dois milhões nas ruas esteve
contra os seus métodos governativos, assim será em breve quando as pessoas se
aperceberem que vivem ainda mais na pobreza construída por António Costa, Jerónimo
de Sousa e Catarina Martins. Talvez este trio salve o pacto que fez entre si,
mas o país e quem cá vive será reduzido à precariedade da vida quotidiana de
bolsos vazios e a eterna tristeza portuguesa resignada estampada no olhar.