terça-feira, outubro 04, 2016

Terça, 4.
Ao fim de mais de cinquenta anos de guerra, entre o Estado e a guerrilha marxista (FARC), a Colômbia pôs fim ao conflito. Para legitimar os quatro anos que levou a fazer o Acordo, o Governo de José Manuel dos Santos, abriu um referendo para perguntar ao povo colombiano se estava de acordo com o Acordo. 50,21% votaram contra, 49,78 a favor. Embora o referendo seja em democracia o factor mais importante enquanto relacionamento entre eleitos e eleitores, o facto é que para os dirigentes das FARC e do Governo, apesar do desacordo do povo, o processo de paz é para continuar. Todavia, ele dá uma imagem do que foi a guerra durante tanto tempo e da incapacidade de o povo aceitar que guerrilheiros que mataram mais de duzentos e cinquenta mil pessoas, possam transformar-se de um dia para o outro numa organização política legitima e assim participar no Parlamento, sem passar pela prisão. Aqui o povo foi mais lúcido que as manobras políticas e a ver vamos como tudo vai terminar.  

         - O cerco a António Costa aperta-se. Desesperado, faz aquilo que Coelho fez e antes dele todos os nossos esclarecidos dirigentes fizeram: cria todos os dias mais impostos. Há muito que os ordenados, as pensões e as reformas, foram comidos pelos impostos ditos indirectos. Apesar disso, Costa, empurrado pelo PCP e o Bloco, quer aumentar as pensões em 10 euros mensais (proposta dos comunistas) a toda a gente, enquanto o Bloco pretende seja apenas às reformas mais baixas. O Governo anda aos bonés, porque não se lhe conhece qual a sua opinião. Os equilíbrios financeiros e orçamentais que estão a ser estudados para o próximo ano, parecem mortos à nascença. Entretanto, os portugueses como vem sendo hábito, preparam-se para pagar mais uma talega do “banco mau” que vai ser criado com os activos tóxicos e as dívidas acumuladas na candonga corrupta de toda a banca, ela que ganhou fortunas escandalosas durante todo o reinado de Soares, Cavaco Silva, Sócrates e até Coelho. Estes políticos são incorrigíveis, demagógicos, indisciplinados, laxistas. Nas tintas para o esforço do povo trabalhador e honesto, tudo fazem para o subjugar com leis que o condenam a ser escravo de um regime político que, não sendo marxista-leninista, o põe todavia a trabalhar para eles.   

         - Eu pensava que, enfim, os magistrados estavam agora mais folgados de trabalho, mas afinal não. Aquele juiz nervosão, impetuoso e moralista, que dá pelo nome de Rui Rangel e foi defensor ardente do PSD, está a ser investigado pelo Ministério Público num processo que tem este rasgado horizonte: A Rota do Atlântico. As suspeitas que recaem sobre o advogado, dizem respeito aos milhares que recebeu de um tal agente de futebol José Veiga, que presta aos jogadores sob a sua batuta informações de como enriquecer à sua imagem e semelhança. Os crimes estão relacionados com a mesma mancha que alastra pela sociedade portuguesa há muitos anos: branqueamento de capitais, fraude fiscal e tráfico de influência. Não há político do PSD, CDS e PS que não conheça estes tipos de crimes.

         - Antemanhã já estava a pé. Quero deixar uma série de coisas acabadas antes de partir para Paris na próxima semana: livros que vão a meio, o escalracho do jardim, a plantação de duas árvores, o corte da madeira para as lareiras, a arrumação dos livros que estão por todo o lado para que as limpezas gerais que a Piedade empreenderá na minha ausência não lhe sejam tão difíceis e outros pequenos afazeres que numa quinta não faltam. 


         - Deixei cair o meu telemóvel à água. Em consequência tive que comprar outro, perdendo todos os meus contactos. Quis adquirir o modelo igual ao que se afogou, mas o funcionário da Vodafone disse-me que “foi descontinuado”. Esta linguagem deixou-me paralisado, porque o meu modelo era igual ao do Corregedor e de mais uns quantos amigos e amigas para quem o objecto apenas serve para enviar e receber chamadas pela módica quantia de 25 euros com direito apesar de tudo a objectiva fotográfica pois então. Aos chineses, africanos, e toda essa casta de indivíduos para quem o smartphone é como os automóveis a forma de se aproximarem dos ricos ou exibirem a importância que não têm, para mim não passa de algo que numa urgência me leva ao hospital ou ao chato que me empurra para uma qualquer merdelhice que devo possuir se quero ser alguém na vida. Para além de este ser o modelo que algum gatuno aceita roubar por vergonha de o exibir em sociedade.