Sexta, 27.
Esta manhã, da Praça du Bocage ao MacDonald´s
na Luísa Todi, fui acompanhado por uma mulher com bom aspecto, que me contou
ser vítima de uma outra que lhe queria roubar o marido, marido que ela por sua
vez abandonou por indigesto. Nunca abri a boca julgando tratar-se de uma doente
mental. A meio do percurso, a senhora pediu-me desculpa “pelo desabafo” e eu
acelerei o passo. Estou já sentado no meu lugar a trabalhar quando, de súbito,
para descansar a cabeça, levanto os olhos do computador, varro com o olhar as
redondezas, e que vejo eu? a pobre criatura no outro lado do restaurante a ler
o Público. Olhei-a com curiosidade e percebi que de louca não tinha nada. Pelo
contrário, parecia uma cidadã normal, que se interessa pelo que vai no mundo. Que
conclusão tirar? Eu tenho uma entre decerto muitas outras: ainda bem que não
escolhi o casamento para ser feliz.
- Esta palmeira foi a primeira árvore que eu plantei quando aqui cheguei
há trinta anos. Já tinha escrito vários livros e faltava-me plantar uma árvore
para cumprir o que se diz ser dever de um homem autêntico. Fica a faltar o
querido filhinho. Mas quanto a isso... silêncio.
- Os broncos da Deach cometeram mais um crime contra a humanidade, ao
desfazerem com maçaricos e à picareta peças de arte que datavam de antes de
Jesus Cristo. O ataque ao Museu de Mossul, é um atentado que feriu de morte
séculos de testemunhos de uma civilização que devia merecer o respeito em
primeiro lugar deles, porque são a sua história traduzida em peças do período
pré-islâmico de uma beleza indiscritível. A fúria é a mesma e o ódio também,
daqueles que há uns anos derrubaram no Afeganistão os Budas de Bamiyán.
- Se eles não respeitam a sua própria religião, como poderão respeitar
as igrejas católicas existentes na Síria. Duas dezenas de mártires cristãos
morreram às suas mãos sanguinárias. Nenhum estratagema militar, nenhuma força
bélica poderá acabar com animais acossados pelo ódio e a vingança. É isto que a
Europa e os Estados Unidos, a China e o mundo árabe terá de perceber para poder
desimpedido estruturar um pensamento diferente que não assente apenas no
riposte.
- “Vai pró raio que ta parte” disse Alfredo Barroso para António Costa,
batendo com a porta do partido e devolveu o cartão de sócio. Este é cá dos
meus! O pecado do actual secretário do PS, é não ter a mínima preparação para o
cargo e fazer do populismo o trampolim da sua ambição. Ainda hei-de ver os
socialistas a gritar: “Seguro, volta estás perdoado.”