domingo, fevereiro 22, 2015

Domingo, 22.
O tempo está como os homens: revoltado. Por todo o lado, ventos ciclónicos, neve de dois metros nos Estados Unidos e Canadá, no litoral francês o mar invadiu cidades, a neve em abundância bloqueou estradas e isolou povoações, entre nós o frio está de regresso.

         - Mais de uma centena de pessoas acompanharam ao cemitério o corpo do rapaz muçulmano acusado de matar duas pessoas na Dinamarca. Os dinamarqueses não compreendem este zelo dos amigos, nem tão-pouco o jardim de coloridas flores que atapeta o sítio onde ele foi abatido pela polícia. 

         - Soube com imensa tristeza da morte do meu amigo Covina Natividade. Foi como se uma parte de mim tivesse partido com ele. Homem notável de quem aqui muitas vezes falei sempre com elogio, honesto como poucos encontrei nos meus diferentes relacionamentos profissionais, mesmo quando ocupou cargos públicos o que é raro entre nós. Mais um que se foi deixando um vazio que as sombras desimpedidas vibram num brado de saudade.


         - O sufoco em que viveram os gregos nestes últimos tempos mercê de todas as pressões dos que detêm arrogantemente os destinos da Europa do euro, parece por momentos aliviado. Não ignoro que o muito que o Syriza prometeu, ficou pelo caminho. Mas o simples facto de eles se terem comportado com dignidade e os alemães não terem feito aquilo que fizeram a George Papandreou (quem não se lembra da dupla ordinária Merkel/Sarkosy) é por si só uma vitória – a vitória de respeitabilidade. Tenho lido muito do que pessoas que eu considero escrevem sobre a situação na Grécia. Parece-me contudo, que há uma razia de unanimidade que me confunde e enoja. A maior parte dos jornalistas hoje, não pensam pela sua própria cabeça limitando-se a ler o que dizem os colegas estrangeiros. Por outro lado, subservientes com os patrões que por sua vez dependem do poder, perderam a independência e baixam a cabeça porque de contrário lá se vai a vidinha simpática e a disponibilidade financeira para os filhos que exigem hoje o impossível. Só o homem que escolheu a liberdade e portanto o caminho solitário, tem capacidade para desafiar e modificar o mundo. Todos os outros são suspeitos.