sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Sexta, 6.
O mundo anda sinistro. Dele não se espera nada senão a monotonia dos horrores, da morte e do sangue derramado dos inocentes. A máxima é: olho por olho, dente por dente. Se os bárbaros da Daesh queimaram vivo um piloto da Jordânia, logo o rei Abdullah II mandou enforcar dois jihadistas, um deles uma mulher-bomba, que tinha em cativeiro. Não se percebe para que serviu a retaliação, uma vez que o ciclo de ódio e vinganças continua, assim como a guerra surda em nome de Alá.

         - Sou frágil para comigo, mas forte para os outros.

         - O retrato da saúde em Portugal ficou estampado nos últimos acontecimentos sobre os infelizes que contraíram hepatite C. Toda a gente sabe que os laboratórios têm em primeiro lugar a mira do lucro e que lucro! Mas também nenhum português desconhece que só pela revolta e a violência é que no seu país se consegue obter aquilo que os seus governantes lhe negam por direito e obrigação. O espectáculo dramático de um doente invadindo uma reunião no Parlamento aos berros solicitando do ministro Paulo Macedo que não o deixasse morrer, resumiu um longo e trágico período de vários anos de luta - que infelizmente levou recentemente uma senhora à morte -, por um medicamento miraculoso que o Governo e o laboratório que o fabricou discutiam como se disputassem uma partida de futebol, indiferentes ao sofrimento que ocorria no terreno à sua volta. Após a ira e a raiva, as mortes e muito sofrimento, no espaço de dois dias aconteceu o milagre que permitiu aos hospitais disporem da droga que salva vidas. Milhares e milhares de doentes vão poder ser tratados graças à morte da senhora de cinquenta e um anos e ao educado e nobre homem que implorou pela vida, o senhor José Carlos Saldanha.

         - Todavia, o que esta gentalha é está escrito no discurso do líder parlamentar do PSD que, indignado com o que aconteceu na sala onde se discutia a Saúde, veio solicito afirmar que tais actos não podem voltar a acontecer e são insustentáveis. Miserável tipo! Ele e os seus valentões que, ante uma simples gripe, voam para o Hospital da Luz onde nada pagam ou lhe fazem descontos como forma de os comprar, nem se apercebem que o doente que ali protestou com a razão da própria vida, pouco tinha a perder.