Sexta, 6.
O mundo anda sinistro. Dele não se espera
nada senão a monotonia dos horrores, da morte e do sangue derramado dos
inocentes. A máxima é: olho por olho, dente por dente. Se os bárbaros da Daesh
queimaram vivo um piloto da Jordânia, logo o rei Abdullah II mandou enforcar dois
jihadistas, um deles uma mulher-bomba, que tinha em cativeiro. Não se percebe
para que serviu a retaliação, uma vez que o ciclo de ódio e vinganças continua,
assim como a guerra surda em nome de Alá.
- Sou frágil para comigo, mas forte para os outros.
- O retrato da saúde em Portugal ficou estampado nos últimos
acontecimentos sobre os infelizes que contraíram hepatite C. Toda a gente sabe
que os laboratórios têm em primeiro lugar a mira do lucro e que lucro! Mas
também nenhum português desconhece que só pela revolta e a violência é que no
seu país se consegue obter aquilo que os seus governantes lhe negam por direito
e obrigação. O espectáculo dramático de um doente invadindo uma reunião no
Parlamento aos berros solicitando do ministro Paulo Macedo que não o deixasse
morrer, resumiu um longo e trágico período de vários anos de luta - que
infelizmente levou recentemente uma senhora à morte -, por um medicamento
miraculoso que o Governo e o laboratório que o fabricou discutiam como se disputassem
uma partida de futebol, indiferentes ao sofrimento que ocorria no terreno à sua
volta. Após a ira e a raiva, as mortes e muito sofrimento, no espaço de dois
dias aconteceu o milagre que permitiu aos hospitais disporem da droga que salva
vidas. Milhares e milhares de doentes vão poder ser tratados graças à morte da
senhora de cinquenta e um anos e ao educado e nobre homem que implorou pela
vida, o senhor José Carlos Saldanha.
- Todavia,
o que esta gentalha é está escrito no discurso do líder parlamentar do PSD que,
indignado com o que aconteceu na sala onde se discutia a Saúde, veio solicito
afirmar que tais actos não podem voltar a acontecer e são insustentáveis. Miserável
tipo! Ele e os seus valentões que, ante uma simples gripe, voam para o Hospital
da Luz onde nada pagam ou lhe fazem descontos como forma de os comprar, nem se
apercebem que o doente que ali protestou com a razão da própria vida, pouco
tinha a perder.