Quinta, 12.
A escrita é na realidade um acto não só
sagrado como misterioso. A partir da página 400 poucas são as alterações que
fiz, como se a narrativa tivesse sido levada a cabo pelas personagens. A
heroína principal tomou literalmente conta da acção e é ela que me empurra na enxurrada
de uma personalidade singular que domina não só o centro do romance como
empurra o destino de todos os outros personagens gravitem ou não à sua volta.
- A reunião do Eurogrupo terminou sem que houvesse acordo quanto ao
destino da Grécia que os gregos maioritariamente selaram com o seu voto. Nada
que me surpreenda. Por todo o lado, os sabichões que em circuito fechado opinam
sobre tudo e nada, combinaram entre si ostracizar o competente Governo
helénico. Bastava ouvir as declarações de Cavaco Silva que o PS reprovou e bem,
embora há duas semanas tivesse recuado e até maldisse-se o programa do novo
Governo, assim como as do primeiro-ministro, para se perceber que há um coro
consertado para fazer a vida negra aos homens do Syriza.
- O mesmo coro incapaz de se organizar
para combater a fuga aos impostos e o dinheiro sujo depositado no banco HSBC e
em paraísos fiscais, com a eficácia do grupo de jornalistas que denunciou
milhares de empresas e privados metidos num esquema de lavagem de dinheiro por
esse mundo fora, incluindo alguns capitalistas portugueses que, evidentemente,
negam.