Domingo, 15.
É dramático o que se passa na Ucrânia.
Nestes dias antes do dito cessar-fogo estabelecido no papel, a guerra redobrou
de loucura e muitos foram os que morreram e tantos os edifícios bombardeados,
populações desesperadas a fugir do campo de batalha, enfim, uma razia selvagem
que não faz acreditar que algo de consistente e humano se segue. Os ódios estão
ao rubro e não se percebe como podem as duas partes de um dia para o outro
esquecer o que as divide.
- É, contudo, do lado da arte que a esperança em dias melhor pode vir. A
ópera de Donetsk nunca parou. Já antes, nos dias terríveis de outras guerras, o
teatro não fechou portas. Ontem, quando os canhões estrondeavam nas imediações,
os actores prosseguiram com empenho de forma a que a centena de espectadores
presentes não se apercebesse. Faz lembrar os meses que antecederam a chegada
de Hitler ao poder, quando os judeus cultos custeavam os espectáculos e a arte
em geral numa Alemanha atacada por energúmenos à solta.
- Se os grandes jornais estrangeiros – Economist, Times, Observer,
Financial Times, Daily Mail – fizessem greve por um mês, o que seria dos nossos
queridos analistas políticos e económicos? Entravam também em greve? Ou metiam
baixa por afonia?
- Correia de Campos diz que não compreende porque se aplica o Governo a
fazer um ancoradouro para contentores quando nas urgências dos hospitais morrem
pessoas. Chapeau, senhor! Diga-me então:
e quando o senhor Sócrates, aquele que está preso em Évora, queria fazer um
aeroporto aqui perto de minha casa, o TGV, e mais não sei que loucura, quando
um milhão de pobres não tinha um prato de sopa para comer se não fosse a Igreja
a socorrê-los.
- Oh, o que nos espera se o seu António
Costa ganhar as eleições! O homem é exímio em populismo barato como o nome de
Humberto Delgado para o aeroporto de Lisboa, as festas, inaugurações, e ainda
por cima parece que é um bom dançarino. Só de ideias e seriedade é que é
frouxo, muito frouxo, coitadinho.