Terça, 3.
Fui a Lisboa e não resisti a ir à
Brasileira encontrar-me com os meus caros artistas. Visita rápida, mas nem por
isso menos saborosa. Lá estavam o António Carmo, o Segurado, o Gordilho e mais
uns quantos e só faltou a Conceição que eu ontem desafiei a aparecer também. Bom.
A política desta vez marcou presença e que presença! Estreitaram-se um pouco
mais o laços da amizade e foi com prazer que ouvir coisas que nunca havia
escutado daquele enxame de ferrenhos PCs. Eles como eu estão entusiasmados com
o que se passa na Grécia e todos esperamos muito da jovem equipa de Tsipras. Eu
sei que eles não têm tarefa facilitada numa Europa de enfáticos, corruptos e
inchados. Mas espero que o seu ar desempoeirado, alegre, nada formatizado,
possa trazer a esta gente arrogante e convencida um sopro de dúvidas e
incertezas de tal modo marcantes que os faça pôr a pensar.
- Acordei muito cedo com o cérebro alagado de incertezas e temores.
Depois, ao longo do dia, a nuvem terrível dissipou-se e instalou-se uma voz rumorejante
que repetia: “Estou aqui. Não tenhas medo. Alguma vez te faltei.” E o dia
abriu-se de luz e o futuro rasgou-se no horizonte largo para me afagar num
abraço.