domingo, fevereiro 08, 2015

Domingo, 8.
Começa a ser cada vez mais claro que os anafados barões da União Europeia vão barrar todas as pretensões do Governo de Tsipras. Depois do périplo que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças fizeram pelas catedrais do euro, nada saiu que desse esperança aos gregos. Grudados no esquema que montaram para todos os infelizes que lhe batam à porta a implorar ajuda, mesmo que o esquema tenha arruinado povos e sistemas sociais que levaram um século a construir, as grandes cabeças dos economistas agoireiros, não despegam dos seus planos que têm tanto de pérfido como de perversão. No fundo, do que eles têm medo é da juventude não arregimentada em conluios e corrupção, temem que as ideias económicas dos gregos sejam o contraponto à austeridade, permitam o desenvolvimento sem pôr na miséria milhares e milhares de pessoas. Enfim, venham a ser a prova que se pode crescer sem abafar a dignidade dos seres humanos. A Europa dos Andreotis, dos Craxis, dos Berlusconis, dos Forlanis, dos Sarcosys, dos Juppés, dos Kohls, dos Chiracs, dos Sanaders, dos Papandreous, dos Sócrates, dos Barrosos e passo são tantos os acusados de corrupção ou associados a ela que seria fastidioso emporcalhar estas páginas com os seus nomes.     

         - Esta manhã quando peguei no carro, o termómetro registava três graus negativos. O campo em volta era uma espessa capa alva de gelo que tive de raspar dos vidros para poder conduzir em segurança. A geada caiu forte toda a noite porque, não obstante a viatura se encontrar protegida por uma grande copa de árvore, não deixou de oferecer o espectáculo próximo de um lugar de montanha. Tudo foi porém colmatado quando o sol destapou o manto encorpado de gelo e inundou a terra de um brilho quente que saboreei lá fora lendo e admirando o campo mais nítido e mais próximo de um conto de fadas.


         - A senhora Merkel e o senhor Hollande, pobres coitados perdidos numa Europa à deriva, estiveram a falatar entre si e depois foram a Moscovo encontrar-se com Putin. Parece que vieram de lá de cabeça baixa e a prometer pelo telefone directamente dos seus países alcançar aquilo que frente a frente não almejaram. Tudo isto poderia ser cómico se não tivesse ulteriormente um drama imenso, que os dois contendores ucranianos transformaram no início provável de mais um confronto mundial em território europeu.