domingo, fevereiro 01, 2015

Domingo, 1 de Fevereiro.
Ontem e anteontem o vento passou por aqui furioso acompanhado de bátegas breves e fortes. Atrás desta orquestra vinha o sol, intenso, cheio, luminoso. Foi assim ontem todo o dia, como se a Natureza em todos os seus laivos se quisesse mostrar à vez cada um com o seu doce aconchego ou a sua fúria desbragada.

         - No livro do Êxodo o Senhor prometeu a Moisés levá-lo com seus irmãos hebreus ao país dos Heteus, dos Heveus, dos Fareseus, dos Cananeus, dos Jebuseus onde “correm arroios de mel e leite”. Está aí a origem de um povo de escravos às ordens de Seth I e depois de Ramsés II em terras egípcias. Moisés era filho da irmã do faraó, Bithya, produto de um momento incendiado pela beleza do jardineiro que lhe cuidava dos jardins. Ela não resistiu ao embalo doido de um escravo judeu que não tinha consciência da atracção que o seu corpo perfeito causava. Pagou com a morte o delírio da princesa. Mas também é verdade que Moisés escapa da morte quando o avô ordenou a certa altura que fossem mortas todas as crianças judaicas até aos três anos de vida devido a uma astúcia de que Bithya participa.

         - Prosseguem as decapitações. Um japonês foi morto ontem às mãos hediondas dos carrascos da Daech. Poucos dias antes um outro infeliz morre nas mesmas circunstâncias. O coro da indignação levanta-se nos países civilizados e por aí se fica. Ou antes se alguma acção acontece é na forma de ataques às posições dos jihadistas. 


         - Por cá António Costa renega o camarada socialista grego e distancia-se como pode da perda de confiança a que o povo o imolou. É incrível o golpe de rins destes tipos. Engolem tudo para se manterem à tona. Vivem do patuá e sobre ele levantam os horizontes futuros sem consistência e depuração. É evidente que a vitória do Syriza não agradou à coligação e muito menos aos socialistas que temem perder o tacho no arrasto das eleições gregas. Ontem em Espanha, empurrados pelo trabalho de Alexis Tsipras, os partidários do Podemos desceram à rua e juntaram para cima de trezentos mil simpatizantes. Eu vivo tudo isto com entusiasmo e esperança. Sobretudo quando tudo isto pode atirar borda fora uma camada de corruptos e incompetentes que governaram a Europa do euro nestes últimos trinta anos em jeito de mafia convencidos que o poder era eterno. No meu romance, a esquerda acaba por alcançar o poder. Premonição? Espero bem que sim.