Domingo,
26.
Em
Portugal os campeões do protagonismo são os advogados. Eles saem de todos os
cantos, descem dos tectos, surgem das portas, dos buracos dos ministérios, de
debaixo dos sofás, rastejam pelo chão onde político passa e são tantos a
espalharem-se por tudo quanto é jornal, televisão, rádio, internet que nenhum
insecticida por muito potente que seja os consegue erradicar. Veja-se o que
eles dizem acerca daquele simples controlo de temperatura nas empresas, que protege
em primeiro os trabalhadores e todos os que num escritório laboram em grupo, mas
que eles montados na lei - essa trave de salvação dos medíocres, dos
funcionários públicos e de todos aqueles que não pensam pela sua cabeça e se
apoiam em decretos construídos como se fossem normas divinas, para se agigantarem
em valor sapiencial. Num país de pudibundos e respeitosos, eles são sobas.
- A prova que nada terá sido aprendido
com a pandemia e suas consequências imediatas na nossa vida colectiva, está na
reunião que os políticos tiveram para comemorar o 25 de Abril no Parlamento. Desde
Marcelo ao Chega o mundo permanecerá como sempre foi – obtuso.
- É neste estilo Covid-19, que conto
enfrentar as multidões a caminho dos empregos no Fertagus e metro. Pareço um
astronauta dondoco.
- Ontem, ao serão, não sei como, fui
ter à TVi onde há muitos meses se não anos não parava. Apanhei uma telenovela a
meio e, entre o computador onde tinha um olho e no ecrã outro, deparei com uns
tipos que se dizem actores e actrizes a representar tão mal, mas tão mal que
não fazia ideia pudesse haver alguém com aquele nível no mundo do espectáculo. Depois
pensei: “ah, ele é isto que as pessoas vêem!” E desliguei o aparelho. Cada vez
aprecio mais e louvo os amigos que pura e simplesmente não possuem televisão.
- Longa conversa com a Maria José que
se isolou no atelier da Quinta de Alcube para trabalhar numa escultura de dois
metros, António Carmo, Teresa Magalhães. Clima desagradável, nem uma mão de
sol, duplamente confinado todavia com vista para amplos espaços verdes.