sexta-feira, abril 17, 2020

Sexta, 17.
Na minha deambulação de ontem por Lisboa, não deixei de pensar em nós, portugueses. Nem sempre os aprecio, muitas vezes me revolto, mas neste tempo de incertezas, dores e dobre de finados, senti ternura pela raça que somos. E nessa agradável sintonia, incluo o Governo de António Costa. E a razão, entre muitas outras certamente, é esta: há humanismo, solidariedade, partilha social. Quando, ao fim de mês e meio de confinamento, com a economia a derrapar pela opção que se fez pelo indivíduo e não pelas instituições, empresas, bancos, bolsa, gráficos e PiBs ainda nos oferecem a liberdade de entrar e sair no metro, no autocarro, no comboio sem pagar um tosto! A somar a isto, o esforço de manter empresas e, sobretudo, empregados, ajuda aos que foram atingidos pela peste na forma de adiamentos de pagamento das casas às instituições bancárias, da água, da luz, para além de subsídios aos mais necessitados. É obra! Esta face da governação, dos médicos, dos enfermeiros, do pessoal auxiliar, bombeiros, polícia, uma parte da inteligência jovem que funciona bem com as novas tecnologias se ter prontificado a colaborar sem pedir um chavo no muito que o país carece, deixou comovido ante a enorme capa de solidariedade que surgiu à tona dos sentimentos egoístas que pareciam corroer em definitivo as sociedades. Dir-me-ão não cantes de galo, ainda vamos amargar tudo isso que te encanta. Sim, absolutamente. Mas pela minha parte, encolher-me-ei porque foi para mim, para todos nós, que o país na hora terrível do desnorte, do sofrimento e do vazio, esteve lá, não nos faltou. Tenho a certeza que se no governo da nação estivesse neste momento a coligação PSD-CDS, nada disto teria sido tão belo, tão íntimo de sentimentos, tão largo de generosidade, tão justo e tão democraticamente estabelecido. António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, contaram connosco e, grosso modo, julgo não os termos desiludido. Houve erros? Desconexão? Com certeza. Ninguém estava preparado para uma bomba destas. Mesmo assim Portugal é exemplo e ainda ontem no canal 2, os franceses levantaram bem alto o hossana que nós e os governantes merecemos. Contra o que já subjaz na boca dos nossos capitalistas caseiros, a economia, isto é, o lucro, a especulação, o exagero devem prevalecer sobre as vidas dos portugueses. Que não haja a tentação de atender a esses cangalheiros da morte anunciada ou antes das muitas mortes anunciadas.  

         - A China, segundo os últimos estudos, é o único país que sai ileso do drama que lá nasceu numa zona especifica. Vai crescer 1,2% enquanto todos os outros países do mundo derrapam entre 8 e 15 por cento do PIB. O caminho para em breve meterem a manápula na Europa e outros continentes, está cada vez mais ao seu alcance. Por isso, enfim, andou bem Ursula von der Leyen ao impedir que o Estado Chinês compre empresas europeias. Uma ajuda nesse sentido será dada às empresas em dificuldades se bem entendi.

         - Eu não sabia que tinha como leitor Monsieur Édouard Philippe. Então não é que ele aproveitou a minha ideia aqui expressa (ver entrada sábado, 11) e anteontem ordenou um prémio de 150 euros ao pessoal dos hospitais! Unhas de fome, todavia. A minha ideia é mais generosa e somos pobrezinhos, coitadinhos.


         - Dia regular. Trabalho com a roçadora no jardim. Tempo mais ou menos. Pouca leitura. Marasmo.