Sábado, 23.
Impossível registar todos os passos de
um dia. Os acontecimentos atropelam-se, o tempo escasseia, tudo corre a uma
velocidade que não consigo acompanhar. Tendo saltado sem uma palavra a visita a
verdadeiros bastiões de cultura e beleza: museus, paisagens, sítios divertidos,
pessoas interessantes com quem estive, almoços, jantares, monumentos... Precisava
de me fechar um dia inteiro a rememorar tudo o que me apaixonou nestes últimos
dias. Mas a prioridade vai para o romance que, por exemplo, hoje me fez saltar
da cama às seis da manhã ainda o parque de la Courneuve mergulhava no sono
profundo com seus animais rasteiros, as aves, o mundo secreto que a noite
debita em dobro debaixo da minha janela. Acabo de chegar de um almoço com a
Ursula, a minha querida filósofa diminuída devido a um cancro num seio. Restabelecida,
ei-la de novo possuidora da argumentação que sustenta os desaires da vida.
Ouvi-la é parar diante da luta que dá sentido aos dias.