Segunda, 18.
Os bravos jovens de Hong Kong não
desarmam. Para responder à violência da polícia às ordens do ditador que
governa a China, criam esquemas, “armas”, protegem-se como podem, enfrentam com
intrepidez os senhores instalados no poder. É absolutamente necessária a sua
luta na defesa dos ideais de liberdade e democracia. De contrário, é dali que
vai sair a nova ordem mundial açaimada e esclavagista, de que os governantes no
Ocidente não percebem ou fingem não perceber, dado que só os negócios
interessam. A pouco e pouco, com a paciência e o sorriso que se lhes reconhece,
a China invadirá o mundo e imporá a ditadura de um só homem habituado a
domesticar milhões.
- Tendo saído no metro S. Paul para ir à Rue de Turenne procurar o que
precisava, achei-me, de súbito, numa parte de Paris para mim desconhecida. Se
digo ignorada, não quero dizer estranha, porque a cidade da malha antiga, é uma
unidade arquitectural muito bonita, onde o arquitecto de Napoleão III pôs a sua
assinatura. Na volta, perdi-me e vagueei pelo vizinho Marais que o majestoso
edifício da Marie separa. Seguramente três horas para chegar ao Halles, sob
chuva constante. Como não tinha levado protecção, cansado e molhado, estacionei
num dos muitos bistros para um chocolate quente. A seguir atravessei da Rive
Droite para a Rive Gauche, tenho mais tarde tornado a passar por cima do Sena
para amanhar o metro naquela barafunda de gare que é o Châtelet. Melhor dizendo,
naquele inferno onde se cruzam milhares de pessoas apressadas para destinos que
se apartam da capital e é por si só o retrato hediondo da vida moderna. Quando
entrei em casa, foi como se chegasse ao paraíso.
O Sena num dia pardacento de chuva. |