segunda-feira, novembro 25, 2019

Segunda, 25.
O facto mais entusiasmante do dia, foi a vitória dos que dão voz a democracia em Hong Kong. Resta saber como vai reagir o ditador Xi Jinpíng ping ping, para quem a democracia é um sistema bizarro. A ele só que lhe interessa a filosofia, a moral e o poder chinês.

         - Rocha Pinto telefonou-me, emocionado, com o artigo que escrevi acerca da sua recente exposição (ver quarta-feira, 6 de Novembro). Os papéis inverteram-se. Quem devia estar agradecido era eu pelos momentos de puro prazer para o espírito que ele me proporcionou.

         - Dou-me conta que nada disse sobre a exposição que o museu Louis Vuitton consagra a Charlotte Perriand (1903-1999). Confesso que conhecia vagamente o seu nome, mas nada sabia em concreto das suas actividades. Que foram múltiplas e arrumadas em pioneira da sustentabilidade do Planeta e do desperdício das sociedades de consumo. Ela pensou cedo no equilíbrio da natureza e dos espaços habitacionais, sem descorar o conforto, a arte e a humanização, numa junção feliz e funcional cara à nossa existência. Arquitecta, trabalhou com os maiores do século passado: Corbusier, Pierre Jeanneret, André Tournon e tantos com quem traçou as linhas funcionais dos interiores, dos prédios, dos objectos práticos da vida quotidiana, num afã inventivo que começou pelos anos 1920 e nunca a largou. Quando se dá a Segunda Grande Guerra, Charlotte Perriand é convidada a trabalhar no Japão. Para a época uma tal aventura, sobretudo sendo mulher, é quase a consagração. Integrando a equipa do atelier de Corbusier, conhece dois arquitectos japoneses debutantes: Junzo Sakakura e Kunio Maekawa É graças a eles que as portas do Oriente se abrem e ela se impregna de um certo conceito estético nos anos de estudo e labor em Tóquio. Deixou a sua assinatura em inúmeros trabalhos e até ao fim da vida nunca largou de participar em acontecimentos relevantes no país. País que fez questão de conhecer em todas as latitudes e saberes: do artesanato aos interiores leves e de um certo rigor minimalista, às cidades e campos tradicionais, carregados de história. A fusão do Ocidente com o Oriente foi um passo. Em simultâneo, a arquitecta artista, conviveu com os maiores do seu tempo: Picasso, Léger, Laurens, Braque, Miró e passo. É de tudo isto que se fala nos quatro ou cinco andares da Fundação. Mais uma vez, Louis Vuitton marca a diferença pelo modernismo e vigor da arte contemporânea.
O diálogo entre a artista e o visitante.

Mobiliário de interior 

Maqueta para residência hoteleira, 1980

Dora Maar, Picasso, 1936

Duas mulheres, a corda e o cão, Le Corbusier, 1935 

A Banhista,  Léger, 1932 


         - Os jornais aqui citam o Papa Francisco: “L´utilization de l´énergie atomique à des fins militaires est aujourd´hui plus que jamais un crime. (...) La véritable paix ne peut être qu´une paix désarmée.”