sábado, novembro 02, 2019

Sábado, 2 de Novembro.

No Chile, não obstante a brutalidade da polícia, dos mortos e feridos, os chilenos compreenderam que só ganham a autonomia democrática, se enfrentarem o presente com denodo. É isso que têm feito diariamente. Os tumultos da capital estenderam-se a todo o território e o Presidente foi obrigado a cancelar dois ou três acontecimentos internacionais importantes que deviam ter lugar no país. É com esperança que vejo todas estas agitações, como se estes povos longínquos tivessem vindo espreitar estas páginas e pusessem em prática o que aqui aconselho com frequência. Pouco me importa que me chamem anarquista. Não digo, como o outro, que “estou-me a cagar” porque não pertenço à sua laia. Afirmo com convicção cívica, democrática, humana que no mundo de hoje, governado por propagandistas e gente sem qualidade e nível, os povos mais do que nunca têm de assumir em mãos o seu destino. As ruas, através dos séculos democráticos, sempre foram passadeira do homens livres, que põem a liberdade acima das conveniências partidárias, dos interesses mesquinhos, da demagogia, do populismo, da covardia. Saiamos, pois, à rua e gritemos bem alto que é no equilíbrio entre capitalismo e sociedade humanizada, entre consumo e esbanjamento, entre pobres e ricos, entre crentes e descrentes, que o emissário da igualdade terá de passar porque fomos criados para alegria e a felicidade e não para a soturnidade e a escravatura. Não me calo “porra”!