Domingo, 3.
Fiquei bloqueado em casa. Nada que me
desarrumasse o juízo, tendo em conta o muito que aqui há para fazer. O motivo
foi a bateria do carro que se recusou a pegar. Mas enquanto eu fiquei
prisioneiro, o quinto pássaro desta semana pôde alcançar a liberdade. Não sei que
deu aos melros e outras aves para escolherem descer pela chaminé e
apresentarem-se no ecrã da lareira em saltos de circo romano. Quase me apetecia
dizer que se tratou sempre o mesmo, satisfeito com a minha bondade e as festas
no dorso antes de o soltar.
- Este fim-de-semana Hong Kong voltou a enfrentar o ditador. Ao que
parece foi a maior manifestação desde que a luta pela liberdade começou há
cinco meses. Aquela gente é destemida, consciente que sem liberdade a vida não
faz sentido. Jinping ping ping é um homem do passado, quando era possível
aprisionar um povo dentro de um espaço territorial e forçá-lo a ficar
amordaçado como numa prisão. Os tempos modernos, com o desenvolvimento da
liberdade que as tecnologias ajudaram a implementar, a saída da miséria extrema,
deu aos povos outra dinâmica, outro sentido da dignidade e expô-los ao
confronto de valores universais comummente aceites em quase todo o mundo. Já
nem a força dos exércitos consegue dissuadir a multidão esclarecida. E até os
propagandistas, os populista de direita e de esquerda, têm os dias contados. Quantos
ditadores há hoje no mundo? Meia dúzia? Nem tanto. Felizmente.
- Por aqui, ao longo do dia, passaram as quatro estações. Um espectáculo
digno de se ver, quando nos ameaçaram com um qualquer terrível temporal.
Recolhi as últimas romãs. Vão ficar centenas de medronhos para a passarada se
embriagar.