domingo, novembro 03, 2019

Domingo, 3.
Fiquei bloqueado em casa. Nada que me desarrumasse o juízo, tendo em conta o muito que aqui há para fazer. O motivo foi a bateria do carro que se recusou a pegar. Mas enquanto eu fiquei prisioneiro, o quinto pássaro desta semana pôde alcançar a liberdade. Não sei que deu aos melros e outras aves para escolherem descer pela chaminé e apresentarem-se no ecrã da lareira em saltos de circo romano. Quase me apetecia dizer que se tratou sempre o mesmo, satisfeito com a minha bondade e as festas no dorso antes de o soltar.

         - Este fim-de-semana Hong Kong voltou a enfrentar o ditador. Ao que parece foi a maior manifestação desde que a luta pela liberdade começou há cinco meses. Aquela gente é destemida, consciente que sem liberdade a vida não faz sentido. Jinping ping ping é um homem do passado, quando era possível aprisionar um povo dentro de um espaço territorial e forçá-lo a ficar amordaçado como numa prisão. Os tempos modernos, com o desenvolvimento da liberdade que as tecnologias ajudaram a implementar, a saída da miséria extrema, deu aos povos outra dinâmica, outro sentido da dignidade e expô-los ao confronto de valores universais comummente aceites em quase todo o mundo. Já nem a força dos exércitos consegue dissuadir a multidão esclarecida. E até os propagandistas, os populista de direita e de esquerda, têm os dias contados. Quantos ditadores há hoje no mundo? Meia dúzia? Nem tanto. Felizmente.


         - Por aqui, ao longo do dia, passaram as quatro estações. Um espectáculo digno de se ver, quando nos ameaçaram com um qualquer terrível temporal. Recolhi as últimas romãs. Vão ficar centenas de medronhos para a passarada se embriagar.