Domingo, 27.
Morreu Fidel Castro aos noventa anos de
idade. Foi o derradeiro homem que encarnou o romantismo e com ele conquistou o
seu país para o fechar com o tempo numa ditadura à moda de Salazar. Conseguiu
correr com Fulgêncio Batista para quem a Havana era uma espécie de Sodoma e
Gomorra para americanos ricos. O seu desaparecimento é chorado em Cuba e
festejado nas ruas de Miami pelos refugiados cubanos. Apesar de tudo, contra
todos os boicotes, conseguiu criar um sistema de saúde quase perfeito e 90 por
cento dos cubanos eram alfabetizados ainda que sob os princípios da imagem e da
veneração ao Comandante. Ele, Kruschev e Kennedy estiveram na iminência de
lançar o mundo num conflito nuclear. O país foi colónia do mundo comunista e quando
o PCP sentia que José Saramago se estava a afastar das hostes cunhalistas,
oferecia-lhe uma viagem à ilha de todos os sonhos - eu testemunhei algumas
vezes isso porque privava com ele quase todas as semanas. Aliás, foi na
companhia de Saramago que fui à primeira festa do Avante realizada na antiga
Fil, em Belém.
- O Mágico e seus adjuntos, celebraram um ano de governação à porta
fechada, elogiando-se mutuamente, e garantindo que estão ali para durar com a placidez
do PCP e do BE. Até onde o PCP se transformou ao ponto de alinhar com os
socialistas na alteração da lei para socorrer os administradores da CGD e na aceitação
dos salários criminosos que os mesmos vão auferir, é um mistério que me pôs de
sobreaviso quanto a capacidade que os comunistas têm de mudar de pele como qualquer
partido ou deputado sem deontologia nem estômago, empurrado apenas pela ambição
do poder. Mais coerente andou, contudo, o BE, não tendo pejo em votar ao lado do
PSD e CDS para obrigar os barões da banca a respeitar a lei e a mostrarem a quanto
monta a sua fortuna pessoal.
- Neva na Serra da Estrela. Por aqui só acendi a lareira uma vez