domingo, junho 10, 2018

Domingo, 10.
Fui a Badajoz comprar os produtos para a piscina somados à tintas porque, passados cinco anos, é tempo também de repintá-la. Marília, o marido, o Carlos quiseram acompanhar-me em passeio. De regresso ficaram cá em casa e o jantar ligeiro que preparei foi extremamente agradável, vivo de discussão política que durou até tarde. Carlos em desacordo com o João eu balanceando ora em concordância com um, ora divergindo dos dois. Corregedor mói-se, gasta-se na obstinação das suas ideias. Eu não consigo compreendê-lo achando que a política é antes de mais a arte de manter a respiração à superfície de uma amálgama de interesses partidários que me escapam completamente. Porque os extremos por vezes tocam-se. Ao condenar fundamentos que acabam por ser iguais embora servindo-se de matrizes diferentes. A verdade é que adoro as pessoas sem tabus nem princípios estabelecidos. É com elas que eu melhor me entendo e mais livremente discuto. Detesto fanatismos de toda a espécie: políticos, partidários, religiosos, artísticos ou intelectuais.

          - Depois, durante o almoço em Setúbal, os ânimos estiveram mais calmos e pudemos usufruir do convívio em camaradagem. O Armando, proprietário do restaurante, conhecendo-me de longa data, fez aquilo que sempre faz: arredonda o preço e acabamos por comer muito bem por um valor aceitável. Tomámos café no Café da Casa e dali, atravessámos a avenida Luísa Todi e entrámos no museu para vermos se o respeito pela obra de Virgílio era uma realidade, eu que não acredito nos autarcas que estão onde estão porque juraram fidelidade à bíblia partidária. Deixei-os na estação de Pinhal Novo e regressei ao silêncio que me pareceu pesado da casa.


         - “Staline et Hitler, les deux fontaines de sang de l´histoire moderne.” Robert de Saint Jean.