Domingo, 10.
Fui
a Badajoz comprar os produtos para a piscina somados à tintas porque, passados
cinco anos, é tempo também de repintá-la. Marília, o marido, o Carlos quiseram
acompanhar-me em passeio. De regresso ficaram cá em casa e o jantar ligeiro que
preparei foi extremamente agradável, vivo de discussão política que durou até
tarde. Carlos em desacordo com o João eu balanceando ora em concordância com
um, ora divergindo dos dois. Corregedor mói-se, gasta-se na obstinação das suas
ideias. Eu não consigo compreendê-lo achando que a política é antes de mais a
arte de manter a respiração à superfície de uma amálgama de interesses partidários
que me escapam completamente. Porque os extremos por vezes tocam-se. Ao
condenar fundamentos que acabam por ser iguais embora servindo-se de matrizes
diferentes. A verdade é que adoro as pessoas sem tabus nem princípios
estabelecidos. É com elas que eu melhor me entendo e mais livremente discuto.
Detesto fanatismos de toda a espécie: políticos, partidários, religiosos,
artísticos ou intelectuais.
- Depois, durante o almoço em
Setúbal, os ânimos estiveram mais calmos e pudemos usufruir do convívio em
camaradagem. O Armando, proprietário do restaurante, conhecendo-me de longa
data, fez aquilo que sempre faz: arredonda o preço e acabamos por comer muito
bem por um valor aceitável. Tomámos café no Café da Casa e dali, atravessámos a
avenida Luísa Todi e entrámos no museu para vermos se o respeito pela obra de
Virgílio era uma realidade, eu que não acredito nos autarcas que estão onde
estão porque juraram fidelidade à bíblia partidária. Deixei-os na estação de
Pinhal Novo e regressei ao silêncio que me pareceu pesado da casa.
- “Staline et Hitler, les deux
fontaines de sang de l´histoire moderne.” Robert de Saint Jean.