domingo, junho 17, 2018

Domingo, 17.
Com missas em Pedrógão a que foi ajoelhar-se Marcelo Rebelo de Sousa, e até o ateu António Costa, todos oportunamente reunidos em memória das vítimas dos incêndios de há um ano, a partir dos quais todos tentam tirar dividendos políticos integrados nos espectáculos televisivos, enfim, um acontecimento trágico que devia ser tratado com pinças e é gerido como se de um evento (como eles falam) com todos os elementos de uma tragédia à Nero. Ninguém recorda a Costa que ele se pirou para férias em Espanha quando aqui ardia tudo. Mas recordo eu nestas páginas confidenciais que ninguém lê...

         - Comecei esta manhã o derradeiro capítulo de O Juiz Apostolatos.

         - Ontem e hoje grande azáfama a despejar a piscina e a lavá-la aproveitando o quadro bi-horário que a eléctrica chinesa oferece aos pobres e preocupados com a carteira e o planeta aos fins-de-semana.


         - Quando vou à missa dominical, quase sempre à igreja do Bonfim, apanho invariavelmente o mesmo celebrante, um homem baixo, cinquentão, com barba jihadista e passos curtos. Parece–me uma pessoa de fé, coisa rara entre os eclesiásticos dos nossos dias, onde o sacerdócio é mais uma profissão que uma missão. Hoje ouvi-o falar de Jeremias (séc. VI a.C.) e de S. Marcos. Foi diferente de outros domingos. Deixou de lado a moral que me irrita em certos padres e falou concretamente da parábola (Mc, 4-26-34) de Jesus Cristo. Houve no seu dizer, a preocupação de decifrar a mensagem do dia como, de resto, era frequente acontecer com Jesus Cristo. O Filho de Deus, em público utilizava aquela forma de explicar a vida nova, mas a sós com os apóstolos, concretizava por palavras claras o seu pensamento. Não “ditava”, falava abertamente por intermédio do Espírito Santo. Esta deve ser a missão da Igreja. Falar em nome de Deus, fazê-lo como evangelização e não se imiscuir nos aspectos pessoais de cada cristão, causando-lhe medos, considerando-os inaptos e vis criaturas que Deus um dia julgará impiedosamente.