Domingo, 17.
Com
missas em Pedrógão a que foi ajoelhar-se Marcelo Rebelo de Sousa, e até o ateu
António Costa, todos oportunamente reunidos em memória das vítimas dos
incêndios de há um ano, a partir dos quais todos tentam tirar dividendos
políticos integrados nos espectáculos televisivos, enfim, um acontecimento
trágico que devia ser tratado com pinças e é gerido como se de um evento (como
eles falam) com todos os elementos de uma tragédia à Nero. Ninguém recorda a
Costa que ele se pirou para férias em Espanha quando aqui ardia tudo. Mas
recordo eu nestas páginas confidenciais que ninguém lê...
- Comecei esta manhã o derradeiro
capítulo de O Juiz Apostolatos.
- Ontem e hoje grande azáfama a
despejar a piscina e a lavá-la aproveitando o quadro bi-horário que a eléctrica chinesa oferece aos pobres e preocupados com a carteira e o planeta aos fins-de-semana.
- Quando vou à missa dominical, quase
sempre à igreja do Bonfim, apanho invariavelmente o mesmo celebrante, um homem
baixo, cinquentão, com barba jihadista e passos curtos. Parece–me uma pessoa de
fé, coisa rara entre os eclesiásticos dos nossos dias, onde o sacerdócio é mais
uma profissão que uma missão. Hoje ouvi-o falar de Jeremias (séc. VI a.C.) e de
S. Marcos. Foi diferente de outros domingos. Deixou de lado a moral que me
irrita em certos padres e falou concretamente da parábola (Mc, 4-26-34) de
Jesus Cristo. Houve no seu dizer, a preocupação de decifrar a mensagem do dia
como, de resto, era frequente acontecer com Jesus Cristo. O Filho de Deus, em
público utilizava aquela forma de explicar a vida nova, mas a sós com os
apóstolos, concretizava por palavras claras o seu pensamento. Não “ditava”,
falava abertamente por intermédio do Espírito Santo. Esta deve ser a missão da
Igreja. Falar em nome de Deus, fazê-lo como evangelização e não se imiscuir nos
aspectos pessoais de cada cristão, causando-lhe medos, considerando-os inaptos
e vis criaturas que Deus um dia julgará impiedosamente.