sábado, junho 16, 2018

Sábado, 16.
Ontem, sensação profunda da presença divina: na paz que me habitava, no silêncio que me rodeava, na voz que me apaziguava e trazia no aceno do vento a bênção de felicidade que me banhou até à noite. Uma prece de agradecimento fechou o dia.

          - A escrita é a mais descarada forma de fantasia. Quando a deixo correr perto das manhãs sossegadas, e nela entro com suavidade, dispondo do tempo como quem se expõe ao sol numa tarde de verão, sou surpreendido pelos imprevistos que nunca imaginei possíveis, nem correspondem à sinopse que traço mentalmente. Assim ontem estando contrariamente ao que é habitual até tarde a trabalhar (perto da uma da madrugada), fiquei estupefacto quando Rui entra em casa da ex-mulher imediatamente após ter praticado o crime que o levará à prisão. Ela não está, é a criada que lhe abre a porta. As páginas que se seguem são talvez as mais belas das 237 do original até hoje escritas. Um mistério que todas as teorias psicológicas não conseguem decifrar. 

No lugar da escrita, a jarra de rosas apanhadas no jardim pela Piedade


         - O “maior jogador do mundo” não satisfeito com os milhões que ganhou em tão pouco tempo, ainda manobrou para fugir a pagar impostos. O “inocente”, para escapar a dois anos de prisão, aceitou pagar 18,5 milhões de euros ao fisco espanhol, com pena apesar disso suspensa. Se fosse um pobre que não tivesse dinheiro para pagar, iria parar com os costados atrás das grades. Se a Justiça fizesse jus ao nome, nunca aceitaria dinheiro para ilibar corruptos – é uma questão de princípio. Assim significa que o crime compensa.