sexta-feira, novembro 23, 2018

Sexta, 23.
Aller! Sai da fossa e levanta o futuro! Pensa que fizeste o melhor que sabes, sem cedências nem pactos morais ou políticos, levado pelo penhor da arte que não se ajoelha diante de ninguém nem do seu próprio criador.  

         - Lanche ajantarado em casa da Eliette, rue Saint Honoré. O apartamento fica entre o Louvre e o Palais Royal, numa zona muito animada, antiga, com restaurantes por todo o lado, lojas chiques e clientela aisée. Como o vinho de champanhe encheu o serão, eu soltei-me e disse provavelmente imensos disparates. Que importa. Acresce que tinha acabado o romance na véspera e encontrei quando ia a caminho uma loja de fotocópias. Entrei e perguntei quanto me custaria a impressão das quase trezentas páginas. Surpreendido com o valor, não hesitei e em cinco minutos tinha a minha criança nos braços (em Lisboa, por idêntico trabalho, paguei mais do dobro). A reunião durou até tarde, cinco pessoas têm muita coisa para dizer, não é verdade. Fazia um frio gélido e o metro estava àquela hora à cunha. Quando entrei em casa e, sobretudo, no meu quarto bem aquecido, rejubilei de contentamento e por momentos deu-me vontade de retornar ao mesmo lugar, olhar como uma criança sonhadora as luzes, as mil luzes que encandeiam de felicidade o parisiense que cada vez mais sou.

         - Bain de bouche, traduz para a nossa língua o elixir para bochechar a boca, e lembra na sua composição duas palavras um jogo de bambino.


         - Os Gillets Jaunes como chamam aos que bloqueiam estradas e acessos às cidades, não desistiram. Para este fim-de-semana, parece que contam com a participação dos camionistas. Se assim for, Chou Chou perdeu em todas as frentes.