Sábado, 10.
Por
todo o lado os franceses contam a história da Primeira Grande Guerra. Falam
deste e daquele povo que combateu a seu
lado, mas nem uma palavra sobre os portugueses que morreram aos milhares nela. A
cidade está sitiada de agentes de segurança devido à chegada de Chefes de
Estado para as comemorações dos cem anos. Espero que tenham convidado também
Marcelo Rebelo de Sousa. Eu refugio-me na escrita, fechado no meu quarto, para
escapar à overdose.
- Chuva, céu de chumbo. O típico tempo
parisiense que se recusa a dar um ar de sua graça. Apesar disso fomos, Robert e
eu, por um passeio pelo parque da Courneuve onde os pássaros, chateados, se
recolhiam em meditação nos beirais dos abrigos. Sale temps.
- Todavia, nestes países de frio, eu
tenho sempre dificuldade em aceitar o conforto que eles nos oferecem. Por
exemplo: não consigo dormir de chauffage
ligada. Todas as noites, antes de me deitar, fecho o irradiador que tenho no
quarto. O mesmo me aconteceu em Viana d´Áustria há dois anos, mas aí até dormia
e vivia de janela entreaberta. De modo diferente, sucede na casa de Palmela.
Passo as noites com o aparelho no 3 distante, portanto, do 5 enquanto regulador
de temperatura. O interior não vai além dos 17 graus centígrados - suficiente
para um repouso profundo.
- Donald Trump é sempre notícia. Chegado
a Paris, logo se impôs contra e ideia de Chou Chou que pretende formar um exército
dito supra-nacional, que combata as ameaças da Rússia, China e... Estados
Unidos. O curioso da proposta reside na sua “independência” assente na França e
Alemanha. O homem quer a todo o custo conquistar fora da França aquilo que os
franceses lhe recusam: confiança.