sábado, novembro 10, 2018

Sábado, 10.
Por todo o lado os franceses contam a história da Primeira Grande Guerra. Falam deste  e daquele povo que combateu a seu lado, mas nem uma palavra sobre os portugueses que morreram aos milhares nela. A cidade está sitiada de agentes de segurança devido à chegada de Chefes de Estado para as comemorações dos cem anos. Espero que tenham convidado também Marcelo Rebelo de Sousa. Eu refugio-me na escrita, fechado no meu quarto, para escapar à overdose.

         - Chuva, céu de chumbo. O típico tempo parisiense que se recusa a dar um ar de sua graça. Apesar disso fomos, Robert e eu, por um passeio pelo parque da Courneuve onde os pássaros, chateados, se recolhiam em meditação nos beirais dos abrigos. Sale temps.

         - Todavia, nestes países de frio, eu tenho sempre dificuldade em aceitar o conforto que eles nos oferecem. Por exemplo: não consigo dormir de chauffage ligada. Todas as noites, antes de me deitar, fecho o irradiador que tenho no quarto. O mesmo me aconteceu em Viana d´Áustria há dois anos, mas aí até dormia e vivia de janela entreaberta. De modo diferente, sucede na casa de Palmela. Passo as noites com o aparelho no 3 distante, portanto, do 5 enquanto regulador de temperatura. O interior não vai além dos 17 graus centígrados - suficiente para um repouso profundo.


         - Donald Trump é sempre notícia. Chegado a Paris, logo se impôs contra e ideia de Chou Chou que pretende formar um exército dito supra-nacional, que combata as ameaças da Rússia, China e... Estados Unidos. O curioso da proposta reside na sua “independência” assente na França e Alemanha. O homem quer a todo o custo conquistar fora da França aquilo que os franceses lhe recusam: confiança.