segunda-feira, novembro 26, 2018

Segunda, 26.

A pobre Annie já pouco nos pode acompanhar, a Robert e a mim, nas nossas visitas a museus e outros lugares históricos. Embora possua três ou quatro obras de Miró, não foi connosco ao Grand Palais conhecer a exposição que tem tido uma afluência incrível. Com efeito, talvez não seja para mim das melhores exposições que vi. Houve até duas ou três salas que me desagradaram. Contudo, se a ideia foi traçar o percurso artístico do catalão, desse ponto de vista foi cumprido. No Grand Palais como por todo o lado quando me confronto com a obra de Miró, não me atardo a compreender o que me entra pelo olhar. Cada tela é para mim uma impressão, um resvalo pelo domínio de uma certa intimidade, da festa retardada na infância quando a criança se deleita a compor cores e traços, a experimentar decorar a percepção de um mundo que irrompe das suas ficções. Talvez seja por isso que o pintor poucos títulos dá aos seus quadros. Basta-lhe o equilíbrio concepcional, a metafísica que enche o espaço, a poesia que plana, a liberdade que impõe a alegria, a felicidade e o desvario que tem na cor a sua presença singular, a assinatura que recentra o olhar e nos irmana. Hodierno de uma época excepcional, pelo número de artistas e pelo jorrar de estilos, escolas e disciplinas, Miró, após uma breve incursão pelo Cubismo, logo se distancia para prosseguir o seu caminho independente e feliz. Os anos passam, Miró recolhe-se numa introspecção onde só o azul do céu e as estrelas vêm em seu socorro restabelecendo o caminho de uma espécie de santidade abrigada na memória da infância que nunca o largou.  
A Bailarina (o Cubismo depressa abandonado) 
Picasso e Braque não andam longe 

O grupo dos surrealista 
A  cor! A cor! 
Ao cento George Malkine e Yvette Ledoux beijando-se 
                                                                                                                                                                                                                        
Paisagem Imaginada 
Silêncio