Domingo, 11.
Para
desanuviar a cabeça, há instantes, fui dar uma volta aqui pelo bairro. Desci o
boulevard Romain Rolland sob chuva miudinha, sem guarda-chuva, os grossos
pingos das árvores caindo-me sobre a cabeça descoberta. O chão como sempre
nesta altura do ano, está coberto de folhas ocres que se acumulam e formam um
tapete denso. Parei no meu boulanger
para comprar croissants e segui pelo parque da Courneuve até aos altos prédios,
perto de Stains. Regressei de autocarro e quando entrei em casa, ainda os meus
amigos continuavam diante do ecrã de televisão a massacrarem-se com a Primeira
Guerra Mundial. Os excessos matam.
- Na escrita luminosa de Paul Morand,
que na primeira pessoa nos conta a vida e a obra daquela que durante meio
século inventou a mulher, eis alguns sublinhados que não quero deixar de
oferecer aos meus leitores para reflexão.
“J´avais
appris la vie dans les romans. Si j´avais des filles, je leur donnerais, pour
toute instruction, des romans. On n´y trouve écrites les grandes lois non
écrites qui régissent l´homme.” L´allure
de Chanel, pag. 76, Folio.
“La
tenue moral esthétique n´est jamais que la tradution extérieure d´une honnêteté
morale, d´une authenticité des sentiments.” Pag 65, idem.
Um
aforismo que lhe servia de premissa: “C´est avec ce qui ne s´apprend pas qu´on
réussit.” Pag. 41.
“L´âge,
c´est le charme d´Adam et la tragédie de Eve.” Pag. 106, idem.
“L´argent,
ce n´est pas beau, c´est commode.” Pag. 170, idem.
“J´aime
acheter ce qu´il y a d´affreux, c´est qu´après avoir acgeté, on possède.” Pag.
171, idem.
“Le
couple n´est jamais simple, généreux, spontané; il est inhumain: c´est une
création artificielle, une raison social.” Pag. 199, idem.
“J´ai
habillé l´univers et, aujourd´hui, il va nu.”. Pag. 246, idem.