Segunda, 19.
Não
quero ser mais esperto que a maioria dos nossos estimados politólogos (parece
que é assim que são designados), comentadores ou palradores de ocasião. Cruzes,
não quero mesmo! Levo, contudo, sobre eles a vantagem de ser livre, de não ganhar
a vida a bajular ninguém, de dizer o que penso e não procurar qualquer espécie
de tacho. Vivo com pouco, mas alegremente, dando largas à felicidade da
simplicidade que se instalou no meu existir. Contudo, se me lessem ganhariam
com isso, esses que são profissionais do palavreado televisivo e o povo eleitor.
Que os leitores se recordem de tantas figuras e figurões que ao longo dos anos
levo deste Diário (os três volumes publicados e os milhares de páginas por
editar), aqui anunciei o seu destino ao assomo dos primeiros discursos, das
primeiras palavras, das aparições partidárias e assim. Os mais recentes: entre
nós o provinciano do Norte Rui Rio; em França o banqueiro Emmanuel Macron. Do
primeiro, nos inícios do primeiro mandato à Câmara do Porto, ainda pensei que
seria diferente. Depressa me decepcionou; do último nunca tive ilusões. Percebi
ao que vinha já no tempo do famigerado socialista Hollande.