Domingo, 8.
Estamos
no Outono e os incêndios não nos largam. Como aconteceu no Verão, são todos de origem
criminosa. Muitos destes extemporâneos fogos aconteceram à noite. Mas a vida cá
embaixo, prossegue após as eleições no maior esquecimento e alheamento daqueles
que morreram e nos olham lá de cima senhores de todas as verdades. Este país,
com estes governantes, não me canso de o proclamar, é uma miséria moral,
cívica, religiosa, democrática e republicana. Um susto que o português que
tiver a infelicidade de depender ou precisar dele, pode estar certo que lhe
faltam com tudo: apoio psicológico, moral, financeiro, jurídico, de saúde e
familiar, educação e amparo na morte e, sobretudo, faltam-lhe em permanência com
a dignidade. Somos uma coisa na ideia criminosa desta gente.
- Regressar ao romance depois de dois
dias de ausência, é voltar às origens das minhas origens, palavras plantadas no
meu ser inseguro, na minha essência de artista tolhido por todas as dúvidas e
sofrimentos profundos. Tão cavados que as feridas não cedem a nenhum
antibiótico, e só um olhar doce onde o amor resida, o recobra de todas as mágoas.
Sou um fantoche nas mãos das minhas personagens. Um solitário coabitando com
tanta gente e tanto mundo.