domingo, outubro 08, 2017

Domingo, 8.
Estamos no Outono e os incêndios não nos largam. Como aconteceu no Verão, são todos de origem criminosa. Muitos destes extemporâneos fogos aconteceram à noite. Mas a vida cá embaixo, prossegue após as eleições no maior esquecimento e alheamento daqueles que morreram e nos olham lá de cima senhores de todas as verdades. Este país, com estes governantes, não me canso de o proclamar, é uma miséria moral, cívica, religiosa, democrática e republicana. Um susto que o português que tiver a infelicidade de depender ou precisar dele, pode estar certo que lhe faltam com tudo: apoio psicológico, moral, financeiro, jurídico, de saúde e familiar, educação e amparo na morte e, sobretudo, faltam-lhe em permanência com a dignidade. Somos uma coisa na ideia criminosa desta gente.


         - Regressar ao romance depois de dois dias de ausência, é voltar às origens das minhas origens, palavras plantadas no meu ser inseguro, na minha essência de artista tolhido por todas as dúvidas e sofrimentos profundos. Tão cavados que as feridas não cedem a nenhum antibiótico, e só um olhar doce onde o amor resida, o recobra de todas as mágoas. Sou um fantoche nas mãos das minhas personagens. Um solitário coabitando com tanta gente e tanto mundo.