Domingo,
15.
Refugiei-me
aqui por amor da escrita, do silêncio seu companheiro. Este isolamento, é-me devolvido
todas as manhãs em prazer e exultação. Se alguma perturbação, alguma nostalgia
do passado me toca o coração e o martiriza momentaneamente de sofrimento, é logo
remetida para os confins do inferno por indesejada e por não haver espaço para
a sua permanência. Pouco importa o que está ao largo daquelas horas sagradas: o
reconhecimento, o livro impresso e exposto nos escaparates das livrarias, a possível
fama e o êxito. Merdelhices que não podem nem devem conspurcar o acto único do
artista entregue ao trabalho na solidão imensa que o invade.
- S. Francisco a norte do estado da Califórnia,
duas semanas depois, os incêndios prosseguem a sua fúria devastadora. Quase 300
pessoas estão desaparecidas, os bombeiros exaustos, um cheiro intenso a terra
queimada, o sofrimento inenarrável das árvores a arder.
- Depois de semanas exaustivas de
luta, o último refúgio do Daesh em Raqqa, na Síria, chega ao fim. Tudo indica
que eles perderam terreno considerável e usam agora as populações como escudo
na fuga. Tantos séculos de civilização, de aperfeiçoamento da raça humana, de
conhecimento cultural e social, de lutas de morte para a dignificação do ser
humano, eis-nos hoje face aos mesmos selvagens, meteoritos de um tempo bárbaro,
chegados do fundo dos tempos bárbaros para semear o terror, a morte e as lágrimas
dos inocentes.
- Ainda a personagem hedionda. Eu sou
dos poucos que pode falar livremente porque não estou nem quero estar vinculado
a partidos ou seitas de qualquer espécie. A “honestidade” da criatura nunca me
convenceu, mesmo quando fez o empréstimo à Caixa Geral de Depósitos eu disse
que aquilo era manobra de construção do futuro cambalacho que hoje se conhece.
O homem, todo ele, é uma construção... sem alicerces.