quarta-feira, outubro 04, 2017

Quarta, 4.

Pedro Passos Coelho, tendo interpretado os resultados das recentes eleições autárquicas, decidiu devolver aos seus companheiros o lugar que eles lhe haviam confiado. Fez bem. Era um homem esgotado, que não aceitara a vida como ela se lhe apresentara, sentia que este mundo partidário já não era o seu, que estava na hora de dar lugar a outro. Melhor dizendo a outros. Em fila indiana, já se encontram uns quantos, nenhuma novidade, todos vetustas osgas ronronando. Largar o poder aos novos, nem pensar. E talvez tenham razão porque eles saem da maternidade, sendo filhos de quem são, já impregnados de todos os vícios, aldrabices, arrogância e ambição. Que se lixe! Desde que não ajudem a subir aquele figurão inculto que dá pelo nome de Rui Rio, aquele provinciano armado em grande senhor dos aflitos. Seja como for, louvo Passos Coelho. Nem sempre concordei com ele, mas o trabalho que lhe coube foi duro, ingrato, incompreendido. Foi, todavia, ele que segurou a democracia, as reformas e os vencimentos dos funcionários públicos. O estado em que José Sócrates deixou o país, com fundos de milhões desviados dos cofres do Estado, com crimes de lesa democracia, o grande capital a desviar para paraísos fiscais o que queria e queria muito, a miséria moral em que se havia transformado o país, o fosso entre ricos e pobres ostensivamente exposto, enfim, Portugal a saque com as procissões dos socialistas e testas de ferro nas barras dos tribunais... Passos Coelho, enquanto Primeiro-Ministro e pessoa equilibrada e honesta (o pouco que o desabona não é diferente de qualquer cidadão), foi alguém que marcou pela diferença em termos pessoais Portugal. A sua filosofia, a sua ideologia não são as minhas e por isso as combati na rua e nestas páginas. Mas não deixo de reconhecer que, enquanto personalidade política, educação e princípios, está archi-distante da mediocridade que o cerca e cerca a República.