quarta-feira, outubro 02, 2019

Quarta, 2.
Aquilo bateu forte e feito. Refiro-me às comemorações dos Setenta Anos de ditadura na China. Começada por Mau Tsé Tung e mantida por Jinping ping ping, os festejos seguiram em sentido contrário em Hong Kong onde os manifestantes pró-democracia enfrentaram com denodo as balas reais que pela primeira vez foram usadas contra eles. Houve feridos, um rapaz está no hospital em estado lastimoso. Quando à parada militar, querida pelos regimes totalitários, mostrou aos EUA que tinha meios para os atacar. O grande líder, fardado à moda do seu fundador, passeou  mísseis DF 17 e outros, capazes de transportar ogivas nucleares a muitos milhares de quilómetros de distância. Jinping ping ping é forte com os fracos e covarde com os fortes.

         - Eu não sei quando nem onde vou morrer. O que sei é que por agora, até ao momento presente, a escolha de vida que fiz mostra ser a que melhor me mescla de felicidade e equilíbrio. Green aos 56 anos de idade, decide mudar de vida; deixa para trás os prazeres da carne e abraça resolutamente os valores do espírito. Eu fi-lo muito mais tarde, mas tive desde sempre a noção da hipocrisia, da prisão, da monotonia que traça a maior parte da existência dos meus concidadãos. Quis a liberdade acima de todos os medos, abracei-a, não só pensando na escrita, como no valor que nos liberta de sermos consumidos pelos dias fechados no desespero a dois, o amor deixado para traz extinguidas as chamas da paixão dependente do sexo apressado ou programado. Livre aprendi a governar-me, a exorcizar os fantasmas, a depender de mim enquanto elemento gestor da liberdade que adoptei como outros o partido, o clube de futebol e assim. Esta força e independência que ela me deu, permite-me encarar o futuro de olhos abertos, gerir os confrontos que a sociedade provoca a todos os que caminham de costas voltadas aos seus esquemas morais, sociais, políticos e estar disponível para os outros. Sei porque alguns editores mo disseram que a temática dos meus romances os assusta; já pus para trás das costas a possibilidade de ver editado um só livro e continuo a escrever com o mesmo entusiasmo de sempre. Já aqui disse e repito: fiz demasiadas concessões a medianos, insuflei-lhes valor e importância que não tinham, penitenciei-me por isso mil vezes e quero morrer sem voltar a pisar esses caminhos de falsidade, lama e submissão. O que tiver de ser, será. Só me levanto da pedra onde admiro a beleza dos dias, a luminosidade do sol e o brilho das estrelas à noite, quando achar em consciência que o devo fazer – a mim bastam-me estes queridos leitores que todos os dias vêm ao meu encontro. Mas se tivesse apenas um, era com ele que partilhava a felicidade que me trespassa quando passo horas a escrever. Esses instantes são os mais felizes da minha vida.