Quarta, 2.
Aquilo bateu forte e feito. Refiro-me às comemorações
dos Setenta Anos de ditadura na China. Começada por Mau Tsé Tung e mantida por Jinping
ping ping, os festejos seguiram em sentido contrário em Hong Kong onde os
manifestantes pró-democracia enfrentaram com denodo as balas reais que pela
primeira vez foram usadas contra eles. Houve feridos, um rapaz está no hospital
em estado lastimoso. Quando à parada militar, querida pelos regimes
totalitários, mostrou aos EUA que tinha meios para os atacar. O grande líder,
fardado à moda do seu fundador, passeou mísseis DF 17 e outros, capazes de transportar
ogivas nucleares a muitos milhares de quilómetros de distância. Jinping ping
ping é forte com os fracos e covarde com os fortes.
- Eu não sei quando nem onde vou
morrer. O que sei é que por agora, até ao momento presente, a escolha de vida
que fiz mostra ser a que melhor me mescla de felicidade e equilíbrio. Green aos
56 anos de idade, decide mudar de vida; deixa para trás os prazeres da carne e
abraça resolutamente os valores do espírito. Eu fi-lo muito mais tarde, mas
tive desde sempre a noção da hipocrisia, da prisão, da monotonia que traça a
maior parte da existência dos meus concidadãos. Quis a liberdade acima de todos
os medos, abracei-a, não só pensando na escrita, como no valor que nos liberta
de sermos consumidos pelos dias fechados no desespero a dois, o amor deixado para
traz extinguidas as chamas da paixão dependente do sexo apressado ou
programado. Livre aprendi a governar-me, a exorcizar os fantasmas, a depender
de mim enquanto elemento gestor da liberdade que adoptei como outros o partido,
o clube de futebol e assim. Esta força e independência que ela me deu,
permite-me encarar o futuro de olhos abertos, gerir os confrontos que a
sociedade provoca a todos os que caminham de costas voltadas aos seus esquemas
morais, sociais, políticos e estar disponível para os outros. Sei porque alguns
editores mo disseram que a temática dos meus romances os assusta; já pus para trás
das costas a possibilidade de ver editado um só livro e continuo a escrever com
o mesmo entusiasmo de sempre. Já aqui disse e repito: fiz demasiadas concessões
a medianos, insuflei-lhes valor e importância que não tinham, penitenciei-me
por isso mil vezes e quero morrer sem voltar a pisar esses caminhos de
falsidade, lama e submissão. O que tiver de ser, será. Só me levanto da pedra
onde admiro a beleza dos dias, a luminosidade do sol e o brilho das estrelas à
noite, quando achar em consciência que o devo fazer – a mim bastam-me estes
queridos leitores que todos os dias vêm ao meu encontro. Mas se tivesse apenas
um, era com ele que partilhava a felicidade que me trespassa quando passo horas
a escrever. Esses instantes são os mais felizes da minha vida.