sexta-feira, outubro 18, 2019

Sexta, 18.
Eu suponho que qualquer português normal percebe que vive num país surrealista. De contrário, como explicar estes dois factos: o primeiro, vivido esta manhã no metro. O placard informativo dizia que havia perturbação na linha azul (onde eu me encontrava), como na amarela e vermelha devido, se bem compreendi, a reuniões dos trabalhadores. Curiosamente, porém, os comboios passavam de um lado e outro da gare em maior número e menor tempo de espera; segundo, a autoridade dos senhores que montaram os elevadores no metro e nas estações, verdadeiro quebra cabeça para o estrangeiro e para mim que não o sendo apreendi que das catacumbas se sobe, por exemplo, do -2,-1, 0, 1, 2, etc.. Pois entre nós, passa-se o oposto por causa do qual ouço nas línguas que conheço esta exclamação: “Oh, este truque à portuguesa!”

         - Antes de embarcar de regresso a casa, passei no Corte Inglês para comprar o jantar e um par de sapatos. Acontece que há anos calço modelos da firma espanhola Massimo Dutti. São caros, mas para coxinho, coitadinho, os ideais devido ao bom cabedal e à firmeza da alma e dos contrafortes. Contudo, nos modelos deste ano, para ganhar mais uns patacos à conta do distraído, fizeram o mesmo modelo mas... de papelão. Atento como sou, logo antevi quedas, entorse do pé que as meninas osculam e assim. Vai daí mudei de marca mantendo o mesmo protótipo embora italiano e, bem entendido, mais caro.   

         - O Público traz três páginas com este título: “Os 12 desafios do novo Governo.” Depois a gente lê e treslê e diz para os seus botões: “Mas se os ministros são os mesmos como podem eles realizar agora aquilo que não souberam ou não puderam realizar nos últimos quatro que estiveram no governo? 


         - Mas que importância tem tudo isto quando comparado com o progresso político-social que a Catalunha registou num dia só! Os olhos do mundo estavam pregados naquele povo indómito. E ele não nos desiludiu. Que relevância têm os comentários daqueles anciãos que vêm à televisão derramar moral a rodos, civilidade política a granel, quando olhamos o mundo através da força democrática dos catalães de Barcelona e regiões limítrofes? Que convergiram em força para a capital numa revolta idêntica à do povo libanês, melhor dizendo de vários povos contra os seus respectivos  Estados. Sim, por todo o lado os povos sublevam-se contra os Estados corruptos e são eles deste modo que salvam a democracia. Barcelona está a ferro e fogo e noutras capitais do mundo repete-se o mesmo cenário.