Sábado, 12.
A deputada
do Livre é gaga. Puseram-na a botar discurso a toda a hora e o resultado é
penível. Ela deve estar mais nervosa porque não está habituada àquela pressão
maluca dos meios de comunicação. Acho, todavia, uma situação pouco digna para
ela. É como me porem a mim, coxinho, coitadinho a correr uma maratona. Nunca
mais chegava à meta, ou antes podiam os outros concorrentes almoçar, jantar e
dormir sete boas horas de sono, que eu ainda ia
a meio. Olarilas!
- Ontem, na viagem para Lisboa, um
rapaz brasileiro quis confirmar comigo se para Almada devia descer em Corroios.
Disse-lhe que a estação indicada seria Pragal. Pânico. Alguém o tinha
aconselhado a paragem antes e era para essa que comparara bilhete. Que fazer?
“Estou perdido”, repetia. Acalmei-o dizendo que era muito azar se viessem os
fiscais. Mas entraram logo a seguir. Dirigindo-se a ele com o propósito de o
multar, intercedi explicando a sua situação. Por uma paragem deviam
compreender. Não podiam, estavam ali a defender a empresa para onde
trabalhavam. Serenei o pobre rapaz e propus aos zelosos funcionários pagar a
multa. Aí a rapariga (era um casal) talvez porque se tenha comovido com o meu
gesto, depois de conferenciar com o colega, disse ao passageiro: “Desta vez
passa. Para a próxima deve-se informar na bilheteira.” E deste modo, o
brasileiro respirou de alívio e agradeceu-me comovido.
- Eu não me calo nem dou loas a esta
democracia aldrabada que os governantes nos querer fazer querer ser genuína. Que
o diga os dois milhões e meio de pobres, os reformados, as crianças, os
milhares de famílias a viver apertados com reformas que não vão além de 300,
400 euros/mês. Sem esquecer os milhões de escravos que, embora tenham trabalho,
não ganham para pagar uma cama ou uma casa que acolha o corpo cansado. A parte inferior
da Estação do Rossio, aloja centenas de infelizes que dormem em cartões e
tendas. Ontem, enchi-me de coragem e fotografei este cenário que um segurança
me disse ser o dobro a partir das onze da noite. Pois é. Para os senhores juízes
há 700 euros de aumento/mês, para tanto português abandonado à sua sorte, arranjam-se
por misericórdia uns míseros euros em... “complemento solidário”.
Um exemplo do país do Mágico |