Segunda, 7.
Grosso
modo, a minha estimativa e desejos foram satisfeitos. O facto de os socialistas
de Costa não terem alcançado a maioria. Foi óptimo. Depois gostei do afastamento
da mãe de todas as mães da cena política. Era inapta, muitas vezes vulgar, não
possuía carisma. A Assembleia ficou mais distribuída com a entrada de dois
partidos e a engorda do PAN (dos animais, salvo seja). Mas nem tudo são
maravilhas. A CDU perdeu deputados e a entrada da extrema-direita através dos
corruptos do futebol, é péssimo. Entusiasmados, ameaçaram que daqui a quatro
anos serão metade do Hemiciclo. Mas o mais preocupante, foi a abstenção que
atingiu o máximo: 45 por cento. Nunca vi os partidos preocupados com isso. E no
entanto, eu se trabalhasse na política, não dormia descansado. A democracia
está em risco com metade da população votante alheada da vida democrática.
- Um agente da Prefeitura da Polícia francesa
convertido ao Daesch, matou à facada três polícias e um colega de trabalho. A
polícia respondeu matando-o também. Paris não pára de estar nos alvos
preferidos dos barbudos assassinos.
- Ontem, ao deambular pelo meu
ex-bairro, encontrei alguns íntimos que envelheceram afastados do meu olhar,
passei debaixo do “centro do mundo” recordando o filósofo Agostinho da Silva
meu vizinho, desci pelo lado onde o Mário morava e espreitei a janela do seu primeiro
andar ocupado por gente barulhenta (ele deve ter vendido ou alugado, perdendo-o
eu de vista), e já próximo do aglomerado de casario baixo, no fim da Rua de S.
Marçal, a uma janela ao rés da rua, ouvi uma voz masculina dizer: “Quando eu
morrer não me ponham esta merda no caixão.” Toda uma vivência, metade da minha
vida ali passada, constato que o Bairro com o seu aluvião de turistas, transformou-se
numa coisa sem carácter, sem as pessoas antigas que lhe davam um charme
particular, num grande centro comercial a céu aberto, igual a tantos outros,
mordido pela ganância, o atropelo dos tempos, a descaracterização típica de um
povo desenraizado na sua própria terra.