segunda-feira, outubro 07, 2019

Segunda, 7.
Grosso modo, a minha estimativa e desejos foram satisfeitos. O facto de os socialistas de Costa não terem alcançado a maioria. Foi óptimo. Depois gostei do afastamento da mãe de todas as mães da cena política. Era inapta, muitas vezes vulgar, não possuía carisma. A Assembleia ficou mais distribuída com a entrada de dois partidos e a engorda do PAN (dos animais, salvo seja). Mas nem tudo são maravilhas. A CDU perdeu deputados e a entrada da extrema-direita através dos corruptos do futebol, é péssimo. Entusiasmados, ameaçaram que daqui a quatro anos serão metade do Hemiciclo. Mas o mais preocupante, foi a abstenção que atingiu o máximo: 45 por cento. Nunca vi os partidos preocupados com isso. E no entanto, eu se trabalhasse na política, não dormia descansado. A democracia está em risco com metade da população votante alheada da vida democrática.  

         - Um agente da Prefeitura da Polícia francesa convertido ao Daesch, matou à facada três polícias e um colega de trabalho. A polícia respondeu matando-o também. Paris não pára de estar nos alvos preferidos dos barbudos assassinos.  


         - Ontem, ao deambular pelo meu ex-bairro, encontrei alguns íntimos que envelheceram afastados do meu olhar, passei debaixo do “centro do mundo” recordando o filósofo Agostinho da Silva meu vizinho, desci pelo lado onde o Mário morava e espreitei a janela do seu primeiro andar ocupado por gente barulhenta (ele deve ter vendido ou alugado, perdendo-o eu de vista), e já próximo do aglomerado de casario baixo, no fim da Rua de S. Marçal, a uma janela ao rés da rua, ouvi uma voz masculina dizer: “Quando eu morrer não me ponham esta merda no caixão.” Toda uma vivência, metade da minha vida ali passada, constato que o Bairro com o seu aluvião de turistas, transformou-se numa coisa sem carácter, sem as pessoas antigas que lhe davam um charme particular, num grande centro comercial a céu aberto, igual a tantos outros, mordido pela ganância, o atropelo dos tempos, a descaracterização típica de um povo desenraizado na sua própria terra.